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Papai Noel não vai te dar brinquedo

21/12/2019

As sondagens de opinião realizadas ao longo das últimas cinco semanas pela Badra Comunicação, a pedido do Jornal da Orla, e que em suma avaliam o desempenho dos prefeitos das noves cidades que compõem a Região Metropolitana da Baixada Santista, revelam que o bom velhinho Noel deve ter menos trabalho este ano, afinal de contas, maus meninos não ganham presente.

 

Inversamente proporcional ao do eleitorado local – que anda pra lá de cheio com tanta má gestão – o saco vermelho que vem da Lapônia chegará murchinho, com apenas e tão somente três presentes.

 

A entrega tem endereço certo e, a mim me parece, justo: Praia Grande, para Alberto Mourão, com seus galáticos 74,8% de aprovação; Guarujá, para Válter Suman, revelação da temporada, 61,7%; e Santos, onde Paulo Alexandre Barbosa aparece como o cara da virada, com 50,7%.

 

Um olhar mais atento a esses três personagens vai revelar dois fortes pontos em comum entre eles. São gestores realizadores e que gostam de gente, ainda que não se gostem entre si, o que é muito próprio no perfil de líderes natos, em geral vaidosos e um tantão narcisistas.

 

O município de Praia Grande tem, de longe, uma das maiores e melhores redes municipais de serviço público do país, sobretudo em saúde e educação. Mourão se reinventa e reinventa suas gestões atento e preocupado em emprestar qualidade de vida a quem vive, investe ou visita a terra dos caminhos dos rios.

 

Na Pérola do Atlântico, Guarujá, Válter Suman disse chega. A mentalidade agora é outra. Chega de descaso, chega de exclusivismo partidário, chega de estar nas páginas sangrentas dos jornais. Com estilo de jogo, a la Flamengo campeão, sem chutões e com a bola rolando para a frente, tem feito todos acreditarem que Guarujá não só pode, como merece mais. É bem avaliado do Paecará ao Acapulco.

 

Já o inquieto chefe do executivo santista parece ter (re)despertado e hoje estar tomado do espírito público que marcou a trajetória de seu pai, o saudoso Paulo Barbosa. Assumiu a prefeitura cuidando, inovando e avançando, inclusive ousando sonhar em suceder a Geraldo Alckmin no Governo do Estado de São Paulo.

 

Aí descobriu, na dor do Executivo, que a cidade acontece mesmo é no chão de fábrica, em suas ruas, vielas e escadarias, de modo tão cinza quanto o asfalto. Balançou, esmoreceu, quase se entregou… mas ressurgiu, emprestando agora a Santos um ritmo de realizações que privilegia concreto e sentimento, obra física e obra humana, com intensidade não vista há pelo menos três décadas.

 

Alberto, Válter e Paulo justificam a manutenção na chaminé de seus gabinetes, para que Papai Noel possa entrar.

 

Aos demais seis prefeitos, é certo que a principal figura lúdica natalina – digo lúdica e não de fé – não vai responder “presente” à lista de chamada no próximo dia 25. Desde já estão todos eles submetidos à decisão do conselho de classe, formado por cerca de 570 mil eleitores, que só tomará a decisão de passá-los ou não de ano, em 4 de outubro de 2020. Estão de segunda época, fora de época na verdade, já que ainda não se deram conta de que os tempos são outros. Podem, e devem, até se recuperar.

 

Mas que fiquem claras duas considerações desde já: quem divide para ganhar, lançando candidaturas laranjas e armadas, só para dividir mesmo e para levar vantagem por estar no cargo, tem tudo para perder, e esses serão denunciados pela história pelo tempo. E obras e andanças pelas ruas, reencontro com o eleitor só agora, começando o ano da nova eleição, não irá dar resultado. Quem não buscou trabalhar bem para fidelizar ao longo dos últimos três anos, nem coloque o sapatinho na janela. Vai ter de contar com muita sorte, muita promessa de ano novo ou muita inaptidão dos adversários. Mas o cavalinho, pode até deixar na chuva, afinal de contas a esperança é a última que morre e, quem sabe, ele pode ser muito útil para levar, cada um, em 2021, para bem longe das cidades que hoje governam. E sem trenós, é claro!

 

* Maurício Juvenal é jornalista, mestre em Letras, ex-consultor do Programa das Nações Unidas para o Desenvolvimento (PNUD) e ex-secretário Estadual de Planejamento e Gestão de SP.