TV em Transe

Gugu e o ibope

28/11/2019

Nos últimos dias, creio que tudo o que poderia ser dito sobre Gugu Liberato – para o bem e para o mal – já foi dito. A massiva cobertura de sua morte inesperada e prematura dá a medida certa de sua popularidade e representatividade na história da tevê.

 

No meu caso, como telespectador, minhas lembranças maiores são de assitir o “Viva a Noite” nos anos 80, ainda criança/adolescente.

 

Mas vou me ater a aspectos da cobertura da mídia em relação à morte do apresentador.

 

Checar pra que? – Quando surgiram as primeiras notícias dando conta que Gugu havia sofrido um acidente doméstico, tivemos “aulas de desinformação”, em especial em veículos online. Em suma: mataram o apresentador quando ele ainda estava vivo. O jornal “O Dia” e a BandNews, por exemplo, afirmaram categoricamente na quarta-feira (dia 20) que Gugu havia falecido, obrigando a família a divulgar uma nota desmentindo o boato.  

 

Mais uma vez, vimos a ânsia por cliques e audiência atropelar uma premissa básica do jornalismo: a checagem da informação. Um simples “fulano falou”, independente da procedência da fonte, já é o suficiente para decretar algo como verdade – a exemplo do que boa parte da mídia, aliás, também faz com as tais “delações premiadas”.

 

Ibope – Na televisão, todas as redes deram destaque para o falecimento de Augusto Liberato, como não poderia deixar de ser. Um programa, porém, acabou sendo alvo de críticas. Durante o “A Hora do faro”, na Record, sem saber que estava sendo filmado, Rodrigo Faro foi flagrado perguntando se a audiência estava boa justamente quando a atração mostrava um vídeo em homenagem ao falecido apresentador.

 

O fato de Faro ter se emocionado muito na programa – Gugu o revelou para o mundo artístico no grupo Dominó – não foi suficiente para aplacar a ira de internautas e telespectadores que es manifestaram nas redes sociais. Sinceramente, quem o chama de hipócrita por se preocupar com o ibope, mesmo que abordando um assunto triste, não imagina como funciona a televisão. Garanto que Gugu Liberato agiria da mesma forma, até porque ele era confessadamente um obcecado pelos números de audiência.

 

Foto Reprodução