Desde o início do atual governo, duas das maiores redes do país não vem tendo o menor pudor ao apoia-lo incondicionalmente, transformando seu jornalismo e até programas de auditório em “vozes oficiais”: SBT e Record.
Pois as últimas “propagandas” dão mostras inegáveis que, pelo menos em termos de audiência, o tiro começa a sair pela culatra.
Sexta-feira passada, Ratinho entrevistou em sua atração no SBT o deputado federal Eduardo Bolsonaro.
Ficou claro que ele estava ali, principalmente, para tentar apagar o incêndio provocado por sua declaração considerando para o futuro um possível “novo AI-5” em caso de “radicalização da esquerda”.
A conversa fez parte do quadro “Dois dedos de prosa”, que este ano praticamente só recebeu integrantes e apoiadores do governo. O tom das perguntas, obviamente, foi o mais chapa branca possível, com Ratinho apenas afagando e levantando a bola para o deputado.
Resultado: a entrevista rendeu ao programa sua audiência mais baixa em 2019! A média no ibope foi de 6 pontos cravados. Detalhe: o recorde negativo anterior era do mesmo quadro, quando o entrevistado foi o ministro da Justiça, Sérgio Moro, com 6.8!
Migração – Já na Record, o presidente Jair Bolsonaro concedeu no dia 3 sua milésima exclusiva ao “Domingo Espetacular”. O repórter Thiago Nolasco conduziu o bate-papo ameno, que só subiu o tom quando Bolsonaro pediu 15 minutos ao vivo na Rede Globo para se manifestar na TV da família Marinho (cujo jornalismo também nunca foi confiável, diga-se).
No início da entrevista, o “Domingo Espetacular” marcava 10.5 pontos. A audiência foi caindo, e quando Nolasco e Bolsonaro se despediram, cerce de 15 minutos depois, o ibope estava em 8.5!
Curiosamente, neste mesmo horário (por volta de 21h45), os número do “Fantástico”, da Globo, subiram! A emissora mostrava a série “Meu filho nunca faria isso”, sobre bullying. E o crescimento foi de exatos dois pontos, de 20.5 para 22.5! Ou seja: o telespectador mudou de canal.
Dois exemplos que consistem em um aviso bem claro às duas emissoras envolvidas: jornalismo não é palanque.
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