Vida em Dia

Implante é coisa séria!

18/01/2020

A evolução nesta especialidade é nítida. Novas tecnologias e desenhos de implantes. No entanto, “infelizmente a implantodontia se tornou mais popular do que deveria. Estou me referindo aos procedimentos que começaram a ser feitos sem o menor critério”, ressalta o cirurgião-dentista Khalyl Kirsten, especializado em implantodondia e harmonização facial.

 

Segundo o profissional, não se trata de um procedimento simples, fácil e corriqueiro como alguns tentam passar. “Trabalhamos com osso, é algo semelhante à ortopedia. Não é nada simples. O grau de dificuldade desse trabalho é alto e exige uma curva de aprendizado muito longa. Estamos falando de uma cirurgia de grande porte, capaz de dilacerar a boca de uma pessoa para o resto da vida se algo for feito de maneira leviana”, diz o especialista. E mais: tem indicações específicas. 

 

Khalyl vai mais adiante e ressalta que a implantodontia, quando levada a sério, é maravilhosa porque vai restabelecer da melhor maneira possível proteticamente as funções do dente e da raiz natural. No entanto, é preciso que as estruturas ósseas estejam sadias e em condições para receber os implantes. Caso isso não esteja em ordem, é horas de ir atrás de outros recursos. “Quando não existe osso, por exemplo, temos a possibilidade de fazer um enxerto ósseo com um tecido específico para transplante. Isso se chama reabilitação e é complexo. Uso as mesmas placas de parafuso que a ortopedia usa”. 

 

Resumindo: implante é uma raiz biônica que precisa de osso. “Se o paciente não o tem, precisamos cria-lo fazendo o transplante. Para que isso ocorra é preciso passar por um processo de remodelação, que induz as células a se reproduzirem por meio do tutano. Esse é o mecanismo. Ou seja, remodelação nada mais é do que a regeneração óssea guiada. O especialista induz o corpo a produzir osso onde não tem”.

 

Vida nova!
Apesar dos vários recursos de reabilitação, a partir do momento que isso não é feito de maneira segura e correta, existe a chance de que nunca mais a pessoa possa ter uma boca saudável. “Implante é seríssimo. Qualquer erro pode implicar em graves infecções e comprometimento funcional definitivo. Por outro lado, se tudo for feito da forma correta, o resultado fica perfeito. Não dá para identificar onde há implante na boca do paciente”.

 

Próteses soltas na boca também comprometem a vida social e provocam insegurança e até constrangimentos. “É importante avaliar porque, assim como a falta de um dente, elas acabam desarticulando toda a estrutura dentária”. 

 

É importante destacar que quando o paciente não tem osso, é preciso reabilitar também a gengiva. “Eu, por exemplo, gosto de tecido do banco de ossos. Há profissionais que preferem os industrializados e por aí vai. Cada um usa a técnica de acordo com a sua escola, desde que a ela seja comprovada cientificamente”. 

 

Há algumas contraindicações. Pacientes diabéticos ou cardíacos não controlados ou com problemas de coagulação devem ter cautela. Isso vai prejudicar a formação da célula óssea responsável pela aderência do implante. “É preciso que a pessoa tenha saúde suficiente para que o processo ocorra”, explica Khalyl Kirsten, destacando que é imprescindível fazer exames tomográficos antes do procedimento.

 

“Já peguei na minha cadeira casos de implantes enferrujados, com risco de septicemia (infecção generalizada). Tive que fazer curetagem e um tratamento complexo para reabilitar essa paciente. Por outro lado, fazemos casos lindos de reabilitação decorrentes de muito critério e habilidade profissional. É um trabalho desafiador, mas muito gratificante!”.

 

Fotos: Pixabay e Gabriel Soares