No próximo domingo acontece a cerimônia de entrega do Oscar. Com algo raro: o cinema brasileiro na disputa!
“Democracia em Vertigem”, da cineasta Petra Costa, com produção do Netflix, concorre à estatueta na categoria Documentário.
Motivo para comemoração e torcida pela vitória do filme, certo? Errado.
O teor político da fita, numa visão particular da diretora que trata da polarização no Brasil, principalmente desde a queda da presidente Dilma Rousseff, causa polêmica. E, na semana do Oscar, ela vem sendo bombardeada em seu próprio país – para os detratores, o reconhecimento da Academia de Artes e Ciências Cinematográficas de Hollywood é o mesmo que nada.
Ataques – Não causou espanto, por exemplo, surgirem ataques vindos do próprio governo. Afinal de contas temos um mandatário que trata a cultura como lixo, uma “ameaça”, e que no final do ano passado vetou um projeto de incentivo à sétima arte. Pois a Secretaria de Comunicação federal foi utilizada nas redes sociais para desqualificar “Democracia em Vertigem”, chamando a diretora de “militante anti-Brasil”.
Postura semelhante teve o jornalista Pedro Bial. Chamou o filme de “insuportável”. Ok, opinião dele. Classificou a fita de ficção alucinante, uma mentira” , e alfinetou Petra Costa: “É o filme de uma menina dizendo para a mamãe dela que fez tudo direitinho, que ela está ali cumprindo as ordens e a inspiração de mamãe.” No documentário, Petra inclui a história de sua família, ligada à empreiteira Andrade Gutierrez.
Ficção? – Curioso alguém que trabalha há décadas na Rede Globo vir com essa conversa. Quer um veículo especialista maior em usar o jornalismo para modificar a realidade? E justamente o senhor Bial, que escreveu a biografia do patrão, Roberto Marinho. Será que só temos verdades ali? Ou é uma biografia do ponto de vista dele, assim como o documenrário em questão?
Talvez seja o livro de “um menino dizendo para o chefe dele que fez tudo direitinho, que ele está ali cumprindo as ordens e a inspiração do patrão”…
Foto: Reprodução/TV Globo