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Um crime contra a humanidade

08/02/2020

Números divulgados pela prefeitura de São Paulo, a maior cidade brasileira, indicam que já são 24,3 mil pessoas vivendo nas ruas, em situação degradante. Um crescimento de 60% em apenas quatro anos. Eis um problema que não é restrito apenas a capital do Estado mais rico da federação, mas de praticamente todas as cidades brasileiras, incluindo as pequenas. Não resta dúvida de que o problema se agravou em razão da grave crise econômica que atingiu duramente o Brasil no governo Dilma Roussef. Quanto maior a crise e maior a sua duração, mas pessoas sofrem já que o desemprego aumenta e as oportunidades diminuem.

 

A solução para o problema dos moradores em situação de rua não é fácil e deve envolver não apenas todas as esferas de governo – federal, estadual e municipal -, mas, também, a sociedade como um todo. A recuperação da economia, com geração de novos empregos, é fundamental, mas resgatar a autoestima de pessoas que vivem esse drama é um fator que não pode ser ignorado.

 

Cabe à sociedade cobrar dos governos ações que possibilitem a reinserção de pessoas que foram abandonadas à própria sorte, seja por conta da crise, de problemas familiares ou emocionais. É simplesmente deprimente constatar que em pleno século 21, com todos os avanços tecnológicos, milhares de brasileiros sobrevivam nas ruas em situação humilhante, enquanto autoridades usam jatinhos da FAB para suas viagens particulares e ministros do STF degustem lagostas, camarões, filés e vinhos premiados com o dinheiro do contribuinte.

 

A desigualdade é a mãe de todos os males que fazem um país do potencial do Brasil apresentar índices de violência que nos envergonham perante o mundo civilizado e, ainda, milhões de brasileiros sobrevivendo sem um mínimo de dignidade humana. O exemplo que vem de Brasília é péssimo, pois mostra as mais altas autoridades do país desfrutando de mordomias imorais enquanto milhões sofrem com o desemprego e com a miséria.

 

Aceitar calado que mordomias grotescas continuem sendo praticadas diariamente na capital da República – que se reproduz nos Estados – diante do cenário atual, de violência e miséria, é ser cúmplice de mais um crime contra a humanidade. Passou da hora de a sociedade reagir e exigir um mínimo de decência de quem ocupa cargo público.