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A primeira vítima

29/02/2020

“Na guerra, a primeira vítima é a verdade”. A frase atribuída ao filósofo grego Ésquilo retrata com precisão o clima que o mundo vive desde que começaram a surgir as primeiras informações sobre a propagação de (mais uma) doença letal: o coronavírus. 

 

Como o medo, a ignorância e a preguiça são os principais ingredientes para formar o ambiente propício à propagação de mentiras, os efeitos foram devastadores. Apesar de perigosa, a doença é bem menos letal do que diversas outras (sarampo, dengue e gripe, por exemplo).

 

Assim, a principal arma para se evitar o contágio e proliferação da doença é o melhor remédio de sempre: informação de qualidade.

 

O risco real da doença

O mundo está tendo uma epidemia da COVID-19, uma das várias doenças provocadas por um vírus da família do coronavírus. Evidentemente que exige cuidados, mas ela não é tão letal quanto as ‘fake news’ transmitidas pelo zap-zap dizem. Os especialistas estimam que apenas 3% das pessoas que têm contato com o vírus vão desenvolver a doença —por conta da fragilidade do sistema imunológico. E, destas, a taxa de mortalidade é de 2,9% na China e 1,4% em outros países. Muito menor do que outras doenças, como Ebola (51%), Mers (38%) e Sars (9,6%). 

 

Alguns fatores aumentam o risco de contágio e também morte pela doença: tabagismo, doença cardiovascular, diabetes, doença respiratória crônica, hipertensão, câncer, idade avançada (mais de 80 anos). 

 

Em números absolutos, outras doenças são muito mais letais, como a gripe, que no ano passado provocou a morte de 2 milhões de pessoas no mundo. 

 

Higiene respiratória

Tenha boas práticas de higiene respiratória. Isso significa cobrir a boca e o nariz com o braço curvado ou com um lenço de tecido ou papel ao tossir e espirrar. Descarte ou higienize o material usado imediatamente. Gotículas de saliva e secreção são vetores do Covid-19. Evitar que outras pessoas entrem em contato com saliva contaminada evita não apenas o coronavírus, mas uma série de doenças respiratórias.

 

Dicas de prevenção
• Lavar as mãos frequentemente com água e sabonete por pelo menos 20 segundos, ou usar desinfetante para as mãos à base de álcool quando a primeira opção não for possível;
• Evitar tocar nos olhos, nariz e boca com as mãos não lavadas;
• Evitar contato próximo com pessoas doentes;
• Ficar em casa quando estiver doente;
• Usar um lenço de papel para cobrir boca e nariz ao tossir ou espirrar, e descartá-lo no lixo após o uso; 
• Não compartilhar copos, talheres e objetos de uso pessoal;
• Limpar e desinfetar objetos e superfícies tocados com frequência.
Fonte: Ministério da Saúde

 

Pessoas acreditam mais em youtuber do que em cientista

Especialista em fake news sobre saúde, o pesquisador Igor Sacramento, da Fundação Oswaldo Cruz (Icict/Fiocruz), avalia que as epidemias vieram acompanhadas de boatos e pânico em momentos da história muito anteriores à internet, como a epidemia de peste bubônica que matou milhões de pessoas no século 14.

 

Um exemplo mais recente é o do vírus Influenza, cuja pandemia foi objeto de boatos na internet há cerca de uma década. Apesar dessa recorrência, ele destaca que o momento atual é preocupante pelo descrédito que a ciência vem sofrendo em parte da sociedade.

 

“As pessoas têm confiado cada vez mais em discursos e informações que não são baseadas em evidências nem na ciência. É muito preocupante quando as pessoas acreditam mais em um testemunho no YouTube do que em um especialista que pesquisou um assunto por anos”.

 

Uso de máscaras

Efeito colateral da histeria, o uso da máscara cirúrgica é inútil para se evitar contrair a doença, já que ela tem um tempo de vida útil de aproximadamente 4 horas. A função das máscaras é conter a propagação do vírus em quem já está infectado. Pessoas saudáveis, sem sintomas como febre, tosse ou espirros não precisam usar máscaras. Apenas profissionais de saúde e pessoas que apresentem sintomas parecidos com os do novo coronavírus precisam dela.

 

Sem remédio milagroso!
Não há nenhum medicamento, substância, vitamina, alimento específico ou vacina que possa prevenir a infecção pelo novo coronavírus.

 

Doentes devem ficar em casa, orienta especialista

O infectologista David Uip, coordenador do Centro de Contingência do Covid-19 em São Paulo, disse que as pessoas com suspeita de coronavírus só devem buscar um centro de atenção primária caso apresentem problemas respiratórios, ou seja, dificuldade para respirar. Do contrário, caso os sintomas sejam apenas tosse e febre, o conselho é para que as pessoas permaneçam em casa, hidratando-se. “Paciente com tosse e febre, fique em casa para ser hidratado, com repouso e boa alimentação. Devem procurar os serviços de saúde aqueles que apresentarem algum desconforto respiratório”, recomendou.

 

O ministro da Saúde, Liz Henrique Mandetta, reforçou que as pessoas com coronavírus só ficarão internadas no hospital caso estejam em situações graves ou com dificuldades respiratórias. Nos demais casos, permanecerão em isolamento em casa. “O indivíduo vai para o hospital quando está doente e precisa de cuidado hospitalar. Não se interna indivíduo no hospital porque ele está com síndrome gripal conversando, falando, se alimentando, explica. 

 

Foto: Free Pik