Economia

Grandes redes de varejo aproveitam pandemia para aumentar ganhos

25/03/2020

Enquanto os brasileiros temem pelo pior, as grande redes de supermercados (Carrefour, Pão de Açúcar, Extra) se aproveitam da situação e, com o aumento da necessidade de as pessoas receberam as compras em domicílio, e estão faturando com a cobrança de taxas de entrega. Algumas empresas cobram uma taxa adicional (Taxa de Equipe de Seleção), a pretexto de pagar os funcionários que vão nas gôndolas pegar os produtos escolhidos pelo consumidor.

Numa situação normal, faria sentido tais cobranças —afinal, é uma comodidade para o cliente. Mas não é o caso. Estamos sob a ameaça de uma pandemia e diversas pessoas simplesmente não podem ir pessoalmente ao mercado nem têm alguém que possa fazer as compras por ela. 

Em um momento de crise, que tende a se agravar nas próximas semanas, o que se espera de uma rede de hipermercados é um mínimo de responsabilidade social e que ela isente o cliente da cobrança destas taxas (totalmente ou ao menos parcialmente), mas sem deixar de remunerar as pessoas que trabalham neste processo de entrega.

Em resumo: isentar o consumidor de pagar pela entrega, assumir o custo da operação e garantir o ganho dos trabalhadores (equipes de seleção e entrega).

Não é razoável exigir sacrifício apenas da população em um momento tão delicado, as grandes empresas, que verdadeiramente tem mais capacidade de contribuir: o Carrefour, por exemplo, teve um lucro líquido de R$ 636 milhões apenas nos três últimos meses do ano passado.

É hora de as grandes empresas darem exemplo de compromisso social com a Nação.

 
Outro lado
Procurado para se manifestar sobre o assunto, o Carrefour Brasil limitou-se a dizer que: “todas as entregas a domicílio são realizadas pela Rappi. Diante disso, é a empresa que é responsável pela cobrança da taxa”. Questionado se faria sua parcela de sacrifício arcando os custos de entrega, o Carrefour silenciou. 

A Rappi ao qual o Carrefour se refere é uma startup que, por intermédio de um aplicativo, intermedia entregas, conectando empresas fornecedoras e entregadores — normalmente ciclistas munidos de um baú em forma de mochila. Trata-se de um trabalho informal, pois não há vínculo empregatício do empregador com o aplicativo. Assim, o que o Carrefour parece sugerir é que o entregador, que está nesta atividade por falta de opções melhores, trabalhe de graça.