Economia

Como proteger o seu negócio durante a quarentena?

28/03/2020

Gerenciar uma empresa neste momento não está fácil. O mundo passa por uma crise generalizada e, se os governos não agirem de forma efetiva, milhares de trabalhadores perderão seus empregos e muitas empresas vão quebrar, principalmente as pequenas e médias. 

Em São Paulo, uma pesquisa realizada pelo Sebrae mostra que seis entre dez empreendedores estão muito preocupados com o vírus. “Será inevitável uma queda na demanda, principalmente nas atividades que envolvem atendimento ao público, como restaurantes, salões de beleza e comércio em geral”, afirma o diretor-superintendente da entidade, Wilson Poit.

Enquanto os governos estudam medidas para a economia, os comerciantes precisam fazer a sua parte. Planejamento e a criatividade serão fundamentais para que os negócios não sejam profundamente atingidos durante este período de incertezas e estejam preparados para o fim dele.

Por que respeitar a quarentena?
No estado de São Paulo, somente os comércios considerados essenciais estão liberados para funcionar – e as igrejas. Nesta lista estão os mercados, farmácias, petshops, empresas do ramo alimentício (em delivery), cartórios, agências bancárias, clínicas médicas, postos de gasolina, vendas de botijões de gás, oficinas mecânicas e bicicletarias. 

A Baixada Santista segue o governo estadual, recomendando o fechamento dos demais locais. Em Santos, a prefeitura disponibilizou um canal para que munícipes denunciem comércios que não estão respeitando as regras. 

Pode parecer uma medida radical por parte dos governos, mas faz total sentido. Até o fechamento desta reportagem, a cidade registra 14 casos confirmados, quase 300 suspeitos e não se tem dados sobre o número de munícipes que apresentam sintomas do novo coronavírus e sequer são testados. Se somente esses fatos não assustam, aqui vai outro mais grave: a administração municipal já anunciou que alguns óbitos por Covid-19 estão sendo investigados. São pessoas que foram enterradas sem que a causa da morte tenha sido corretamente definida, colocando em risco suas famílias, a equipe médica e até os funcionários dos necrotérios.

O momento é de conscientização por parte de todos, incluindo os empresários. Afinal, somente limpar com álcool gel o balcão da loja depois que um cliente espirrar não será suficiente para garantir que o estabelecimento esteja livre do novo coronavírus. O melhor é seguir as recomendações das autoridades locais, pois elas têm a noção real do poder de disseminação do vírus e da capacidade do sistema de saúde de cada cidade.

Ainda não é possível afirmar quanto tempo o vírus sobrevive na superfície ou no ar. Mas um estudo publicado na revista científica New England Journal of Medicine mostra que o novo coronavírus fica mais estável em plástico e aço inoxidável, por exemplo, materiais bastante utilizados no dia a dia de um comércio. No vidro e PVC, pode durar até cinco dias a 21 graus; papelão, 24 horas; plástico e aço, 72 horas e, de forma geral, os vírus podem ter sobrevida de 72 a 96 horas nos tecidos. 

Se você tem esses materiais em sua loja, provavelmente passará o dia todo higienizando balcão, vitrine, bancos, mesas, maçanetas, telefones, chão, canetas, máquina do cartão, expositores, embalagens, espelhos, talheres, computador, bloco de pedidos, uniformes e, no fim da jornada, não terá sido suficiente.

 

Leia também: Como alguns restaurantes de Santos estão inovando os negócios na quarentena

 

Como não quebrar neste período?
Fechar o comércio, neste momento, é a medida mais racional – e solidária – a ser tomada. Apesar disso, é legítima a preocupação com o futuro dos negócios por parte dos pequenos e médios empresários. Mas os especialistas indicam que a quarentena é a oportunidade de reforçar ou explorar novas possiblidades.

“No passado, as grandes empresas engoliam as pequenas. Hoje, nós vemos que as empresas mais ágeis superam as mais lentas. E, nesse sentido, o pequeno negócio tem mais agilidade e pode se adequar mais rapidamente e dar respostas mais rápidas, no contexto de crise”, comenta o gerente de Relacionamento do Sebrae-SP, Enio Pinto.

Confira algumas dicas da instituição para enfrentar o momento de crise:
Presença digital –
Potencialize a sua atuação no digital. Consumidores em casa têm mais tempo e necessidades para compras e contratações online. Avalie sua presença digital e esteja nos principais canais digitais como as redes sociais. Ofereça também a possibilidade de atendimento remoto, por telefone, WhatsApp ou chamadas de vídeo. Envie mensagem aos seus clientes, comunicando a sua nova estratégia, como irá atendê-los durante este período.

Delivery – Se você ainda não possui o serviço, comece a pensar na possibilidade. Fazer parcerias com outras  empresas  de entregas  é  uma  opção  para  não  deixar  de  atender os seus clientes. Que tal oferecer delivery  em  horário  alternativo,  não  comercial? A medida é vantajosa para que você amplie sua cartela de clientes, atendendo a demanda de quem precisa resolver emergências à noite, por exemplo.

Diversifique meios de pagamento – Esteja preparado para atender tanto o cliente que pagará à vista como o que fará o pagamento em cartão, ou ainda, aquele que vai utilizar seu smartphone para finalizar a compra. Para esta modalidade, basta acoplar um pequeno dispositivo ao próprio telefone, que funciona como uma maquininha de cartão.

Home office e férias – Se possível, opte por trabalhar em casa e faça reuniões virtuais com seus funcionários. Aproveite também o pouco movimento para liberar funcionários que estejam com férias a vencer.

Reduza os custos e economize recursos – É fundamental conhecer custos da sua empresa e avaliar quais são imprescindíveis para manter o negócio operando. Em um contexto de queda do faturamento, priorize os custos fundamentais e corte ou reduza os demais. Analise suas contas e desenvolva iniciativas para economizar água, energia, insumos, etc. Não se esqueça de envolver a sua equipe na ação.  

Fracione as compras  – Evite comprar muitas coisas de uma vez. Isso reduz o investimento em estoque e minimiza perdas. 

Negocie, se for necessário – Com a queda do faturamento, você precisa negociar com seus fornecedores um melhor prazo para cumprir seus compromissos. Essa negociação pode trazer o fôlego necessário para manter em dia aqueles gastos e despesas que não podem ser adiados.

Planeje o fim da crise – As previsões indicam que os impactos da pandemia nos negócios não devem ultrapassar quatro meses. Use este tempo de pausa para rever seu negócio e planejar o futuro dele. Em vez de reduzir o número de funcionários, incentive-os usar seu tempo para atualizar informações sobre os clientes, perfil, preferencias, sistemas internos, aprimorar habilidades e criar novos produtos e serviços para estarem preparados para a eventual recuperação.