Economia

Críticos do isolamento social mudariam de ideia se pandemia fosse um furacão

01/04/2020

-Sai de casa, vai salvar a minha vaquinha antes que ela vá pro brejo!

-Mas, patrão, é um furacão!

-No olho do furacão não venta! Vai lá! A economia não pode parar, o seu emprego está em jogo…

 

Talvez um diálogo simplista assim seja suficiente para convencer aqueles que criticam o isolamento social, a pretexto de salvar a economia e os empregos.

 

Se a pandemia fosse um furacão, seria mais fácil os reticentes ficarem convencidos: o estrago na economia (não só nacional, mas mundial) está feito. O que ainda não está definido é o seu preço. Tentar reabrir o comércio neste momento não vai refrescar muito.

 

A medida não um achismo ou vontade pessoal minha. É o que dizem os principais economistas do mundo. Uma pesquisa ouviu 45 economistas americanos, entre eles vencedores do prêmio Nobel, e todos eles foram unânimes em afirmar que interromper a quarentena sai mais caro do que retomar a atividade econômica antes do pico da pandemia.

 

No Brasil, economistas das mais diversas vertentes (dos mais liberais aos mais à esquerda), são unânimes em indicar o caminho a seguir.

 

A providência necessária no momento é uma ação ágil e efetiva do governo federal, garantindo condições materiais mínimas para que as pessoas permaneçam em casa – sem trabalhar ou consumir, mas vivas.

 

“Ah, mas o governo federal não tem dinheiro para isso”… E tinha antes? O Brasil vem apresentando déficits fiscais (gasta mais do que arrecada) há muitos anos.

 

“Mas onde o governo federal vai arrumar dinheiro para pagar esses benefícios todos?”. Da mesma maneira como sempre fez, emitindo títulos da dívida pública, emitindo moeda… o arsenal é variado, cabe à equipe econômica definir qual adotar.

 

“Mas quando vamos voltar à normalidade?”. Nunca, não vamos. O mundo não será como era antes. O que é preciso fazer agora é preservar a vida de todos e, quando o furacão passar, contabilizar os prejuízos e retomar o trabalho.