Economia

Adaptar e reinventar para não sumir

04/04/2020

As medidas de quarentena impostas pelo governo de São Paulo e também adotadas pelos prefeitos da Baixada Santista, seguindo as orientações de preservar o distanciamento social recomendado pela Organização Mundial da Saúde, são extremamente importantes para a população, mas prejudiciais para as atividades econômicas, especialmente para os seguimentos hoteleiro e gastronômico. Se, neste momento, empresários não se adaptarem ou reinventarem estarão fadados a fechar as portas em um futuro não muito distante. 

Para bares, cafeterias, lanchonetes e restaurantes, o delivery e a retirada são as únicas opções. Além da qualidade do serviço, sai na frente quem apostar em criatividade do menu e em descontos atraentes – sem deixar de lado as regras de higiene em toda a operação.

O setor que preocupa o Sindicato de Hotéis, Restaurantes, Bares e Similares da Baixada Santista e do Vale do Ribeira (SinHoRes) é o hoteleiro. A quarentena está sendo implacável com hotéis e pousadas, que tentam segurar empregos em meio a quartos vazios. Sem proposta concreta de utilização por parte do poder público, muitas empresas de hospedagem podem desaparecer. A seguir, confira entrevista com Heitor Gonzalez, presidente do SinHoRes, que comenta sobre o cenário atual e as ações que o sindicato propõe para os estabelecimentos que representa:

Jornal da Orla- O sindicato já fez alguma projeção das perdas do setor diante desta pandemia?
Heitor Gonzalez –
Com o fechamento dos hotéis a rede hoteleira já perdeu R$ 66 milhões. E 80% dos restaurantes já tiveram de tomar medidas radicais como demissões e uma pequena parcela não resistiu e fechou as portas. 

 

JO- Quais as ações que o sindicato está propondo para o poder público neste momento?
Heitor –
Além do acordo coletivo inédito firmado com o sindicato dos trabalhadores, o SinHoRes enviou ofícios aos prefeitos das regiões pleiteando a suspensão ou adiamento dos pagamentos de encargos como ISS e IPTU. Também solicitaram a Sabesp a isenção da taxa de água e esgoto, por 90 dias.

 

JO – Quais as orientações para os empresários do setor de gastronomia?
Heitor –
A recomendação é para que tripliquem a limpeza de todas as áreas dos restaurantes e observem diariamente a saúde de seus colaboradores. Estamos conscientizando os restaurantes e bares que trabalham com delivery sobre a importância de praticar as recomendação de boas práticas da OMS, cuidando de cada detalhe, da cozinha ao entregador.

 

JO – A rede hoteleira tem sido a mais afetada com a quarentena. Quais são as alternativas para o setor?
Heitor –
As cidades que estão montando hospitais de campanhas poderiam utilizar os leitos dos hotéis para esta finalidade, ação realizada em outros países, assim ajudariam a manter os estabelecimentos abertos subsidiando os custos dos meios de hospedagem, pois entendemos que o setor é o que mais sofre com a determinação do governo. Uma outra alternativa sugerida, é de utilizar parte dos leitos para abrigar profissionais de saúde que não se sentem seguros voltar pra casa, por conta da exposição ao vírus. A ideia é que o governo arque com estes custos.

 

JO – Como o sindicato acredita que se dará o retorno gradual às atividades, proposto pelas Prefeituras? 
Heitor –
A diretoria da entidade está alinhando o retorno das atividades junto com os prefeitos das cidades da nossa região. O objetivo é reabrir os restaurantes de forma gradual, seguindo todas as recomendações de segurança da OMS, e auxiliando as prefeituras na vigilância dos estabelecimentos.