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COVID-19: Pesquisa analisa média de idade dos primeiros afetados pela doença no Brasil

06/05/2020

Um estudo internacional, liderado por pesquisadores brasileiros, aponta que a média de idade dos primeiros pacientes diagnosticados com a COVID-19 (doença causada pelo novo coronavírus) no Brasil – de 39 anos – foi mais baixa do que a observada em outros países.

 

Os resultados preliminares do levantamento, apoiado pela Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado de São Paulo (Fapesp) no âmbito do Centro Conjunto Brasil-Reino Unido para Descoberta, Diagnóstico, Genômica e Epidemiologia de Arbovírus (CADDE), foram descritos em artigo publicado na plataforma medRxiv, ainda em versão pré-print (sem revisão por pares).

 

Esse parâmetro, associado ao fato de que, na fase inicial da epidemia no Brasil, grande parte desses pacientes pertence às classes sociais mais elevadas, pode ter contribuído para o País ter registrado uma taxa de hospitalização equivalente à metade da média internacional – de 10% contra 20% de outras nações.

 

“A condição econômica desses primeiros pacientes infectados permitiu que tivessem maior acesso a testes diagnósticos, por exemplo, facilitando inicialmente o isolamento social e a diminuição do contágio”, diz à Agência Fapesp Julio Henrique Rosa Croda, pesquisador da Fiocruz e um dos autores do estudo.

 

Perfil socioeconômico

Para avaliar se os primeiros casos notificados de infecção pelo novo coronavírus (SARS-CoV-2) estavam relacionados ao perfil socioeconômico dos pacientes, os cientistas analisaram os casos registrados na Região Metropolitana de São Paulo, com base em dados de geolocalização do endereço dos pacientes.

As análises revelaram que as regiões com maior renda per capita média apresentaram maiores taxas de testagem. “Constatamos que há uma disparidade socioeconômica no acesso ao teste de diagnóstico de infecção pelo novo coronavírus no Brasil que persiste à medida que o número de casos da doença tem se expandido”, avalia Croda.

 

Os pesquisadores também observaram que, durante o primeiro mês da epidemia de COVID-19 no Brasil, apenas 33,1% dos casos foram confirmados em laboratórios de saúde pública e o restante, em laboratórios privados.

 

“Inicialmente, a doença ficou mais restrita à população mais rica do País e, no final de março, ocorreu uma transição e passou a atingir a população mais pobre”, analisa Croda.