Blog do Carpentieri

Os 200 milhões de trouxas

10/05/2020

O ministro da Economia, Paulo Guedes, costuma produzir frases polêmicas, mas no sábado (9) ele fez uma declaração difícil de ser contestada. Ao defender uma maior abertura da economia brasileira, Guedes sapecou: "Em vez de termos 200 milhões de trouxas sendo explorados por seis bancos, seis empreiteiras, seis empresas de cabotagem, seis distribuidoras de combustíveis; em vez de tudo isso, vai ser o contrário. Teremos milhares de empresas".

 

A fala de Guedes aconteceu durante uma vídeo conferência promovida justamente por um banco, o Itaú BBA. Daí que ficou uma natural saia justa, já que a fala não constava do script, mas tudo bem. O ministro tentou consertar, explicando que usara uma metáfora para defender reformas estruturantes no país como forma de criar novos empreendedores e estimular a economia.

 

O que importa, na realidade, é que o que disse Paulo Guedes o brasileiro comum sente no seu dia a dia há vários anos. Os banqueiros brasileiros são os grandes ladrões da República. Eles são muito piores que o novo coronavírus porque sua ambição maléfica não tem fim e contra ela não há vacina possível. Poderia ter se o Congresso Nacional e o Judiciário fizessem algo em defesa da sociedade, mas isso seria pedir demais. Afinal, os congressos nacionais e internacionais e eventos de classe A  destinados a juízes e parlamentares são rotineiramente patrocinados pelos banqueiros. Que mal há nisso, não é mesmo?

 

No Brasil continua em vigor uma lei que prevê cadeia por crime de usura, ou agiotagem, mas, adivinhem? Ela não vale para os bancos. Então, como são amiguinhos do Poder, eles cobram juros e taxas abusivos, criminosos – que podem superar até 150% ao ano no caso do cartão de crédito. Esse tipo de canalhice produz desemprego, fome, fecha empresas, destrói famílias e sonhos, mas a grande mídia – com anúncios generosos – e os líderes dos três poderes fingem que não enxergam.

 

O fato é que os banqueiros brasileiros, verdadeiros vampiros da Nação, fazem o que querem, ganham bilhões todos os anos e mesmo assim continuam demitindo funcionários e promovendo demissões em massa no país com sua política ordinária e criminosa. Em qualquer país civilizado do mundo isso daria cana pesada, mas, estamos no Brasil…

 

É simplesmente impossível mensurar quantas empresas fecharam, quantos empregos e sonhos foram perdidos e quantas famílias foram destruídas ao longo dos anos por conta dessa política canibal imposta ao Brasil. Agora vem a crise do coronavírus e os bancos fazem lindos comerciais, tipo "aguente firme e tal", estamos juntos. E continuam roubando com suas taxas criminosas.

 

 A Covid-19 vai passar, cedo ou tarde, mas a sanha dos bancos só será contida quando a sociedade brasileira descobrir que o monstro precisa ser detido.

 

Até esse dia chegar, continuaremos sendo os 200 milhões de trouxas, como disse o ministro Paulo Guedes.