Cinema

Pulp Fiction, um clássico de Tarantino

15/05/2020

 

"Com este filme, você entenderá o porque o cinema é algo inexplicavelmente maravilhoso."

 

Quentin Jerome Tarantino trabalhava como balconista em uma locadora da cidade de Los Angeles, quando escreveu os roteiros de filmes que virariam grandes sucessos, como Assassinos por Natureza e Amor à Queima Roupa. Com estes roteiros, Tarantino os vendeu para outros diretores e conseguiu o valor necessário para financiar o primeiro filme dirigido e escrito por ele. O filme era Cães de Aluguel, sucesso de público e crítica do ano de 1992, que falava sobre um assalto que dá errado, porém não nos mostrando o assalto em nenhum momento. Com isso, foi criado uma febre em cima do cineasta, onde todos esperavam como loucos seu próximo filme. E foi em 1994, que Pulp Fiction chegou às telas, trazendo um roteiro complexo (com histórias divididas em atos), permeado de personagens marcantes, recheado de referências a cultura pop, diálogos inteligentes e uma representação de violência absurda, mas divertida. É inevitável analisar Pulp Fiction e não chegar na conclusão que ele foi um dos mais importantes filmes da década de 90, um longa que influenciou uma geração inteira e que foi, definitivamente, um grande divisor de águas na indústria cinematográfica.

 

No filme, Vincent Vega (John Travolta) e Jules Winnfield (Samuel L. Jackson) são dois assassinos profissionais que trabalham fazendo cobranças para Marsellus Wallace (Ving Rhames), um poderosos gângster. Vega é forçado a sair com a garota do chefe, temendo passar dos limites; enquanto isso, o pugilista Butch Coolidge (Bruce Willis) se mete em apuros por ganhar uma luta que deveria perder. Tarantino tem o talento de transformar o básico, em uma estrutura narrativa que se desdobra entre três histórias paralelas que inevitavelmente acabam se encontrando, apresentando um total domínio sobre a câmera, montagem e a sempre presente e perfeita trilha sonora. São tantos momentos inesquecíveis neste filme, que fica difícil citar apenas um: o casal de assaltantes que abre e fecha o filme, a dupla de assassinos que é uma das mais icônicas da história do cinema, o lutador de boxe que se depara em um dos trechos mais malucos do filme, a esposa de um chefão do crime que passa por uma eletrizante overdose de heroína e para fechar, um "resolvedor de problemas" que precisa lidar com uma situação que envolve sangue e pedaços de cérebro no banco traseiro de um carro. 

 

O roteiro beira a perfeição, com cada diálogo sendo extremamente bem construído e cuidadosamente criado para funcionar com seu respectivo personagem, na maioria das vezes apresentando um refinado humor negro e com frases sobre as pequenas diferenças entre Estados Unidos e Europa (Royale with Cheese) ou poderosas citações bíblicas usadas antes de matar concorrentes. Acidez, sarcasmo e muita ironia são elementos básicos do cinema de Tarantino, sendo tudo isso fruto da qualidade de alguém que tem total domínio sobre sua criação. Aliado a toda essa competência, temos o trabalho impecável da equipe técnica, que passa pela montagem de Sally Menke, a direção de fotografia de Andrzej Sekula e a trilha sonora que dá vida e sentido a cada cena com músicas que se tornaram imortalizadas (a cena de dança entre Travolta e Uma Thurman é inesquecível), onde tudo isso consegue obter um resultado que se mostrou inovador e base de inspiração para outros diversos projetos desenvolvidos ao longo dos anos.

 

O elenco inspirado e escolhido a dedo só colabora para o sucesso da experiência. John Travolta nunca esteve melhor, sendo esse o melhor papel de sua carreira ao passo que Samuel L. Jackson está absolutamente brilhante e um completo"muthafucka", com os dois criando uma das mais icônicas duplas que o cinema já viu. 

 

Pulp Fiction – Tempo de Violência é um marco do cinema, original e inovador na mesma medida. É difícil expressar tudo o que realmente essa impecável obra merece e que se tornou, um verdadeiro fenômeno pop onde você entenderá o porque o cinema é algo inexplicavelmente maravilhoso.

 

Curiosidades: Tarantino hesitou na hora de escolher em qual papel ele iria atuar: Jimmie ou Lance. Ele acabou escolhendo Jimmie porque ele queria estar atrás das câmeras na cena da overdose de Mia.