Roteiros Nacionais

Rotas literárias de São Paulo

10/10/2014
Rotas literárias de São Paulo | Jornal da Orla
A obra aponta endereços que serviram de morada e inspiração para importantes nomes da nossa literatura, todos de fácil acesso por metrô e abertos à visitação pública, o que facilita para o leitor programar um passeio de bate e volta pela Pauliceia desvairada e dilacerada de Mário de Andrade e Mário Chamie – poetas aos quais Goimar dedicou o livro.

Para montar o dossiê amplo sobre os roteiros turístico-literários, a autora reuniu sete anos de pesquisa, entrevistas e agrupamento de materiais para que pontos antigos fossem rememorados e circuitos atuais fossem colocados no mapa. A obra traz também depoimentos de protagonistas que compõem o mundo das letras em São Paulo sobre suas rotas literárias preferidas na cidade. 

Livro-Guia -São 21 rotas que o leitor poderá conhecer ou relembrar sob um olhar lírico e poético. Que tal passear pela antiga casa de Mário de Andrade, onde hoje funciona a Oficina da Palavra? E divertir-se com alguns causos na Academia Paulista de Letras? Esses e outros locais compõem a obra, assim como o Teatro Municipal de São Paulo; a Livraria Cultura, da Vila; o Sebo do Brandão; a Casa das Rosas; o Museu da Língua Portuguesa; o Centro Cultural São Paulo; o Centro Universitário Maria Antonia, e muito mais. Conheça alguns deles e programe seu próximo passeio na capital:

Teatro Municipal de São Paulo – Com projeto de Ramos de Azevedo, o teatro foi inaugurado em 1911 e colocou São Paulo no roteiro internacional dos grandes espetáculos. Seu palco recebeu apresentações de Maria Callas, Mikhail Baryshnikov, Ella Fitzgerald, Anna Pavlova e outras estrelas. Foi também em seu saguão que aconteceu a Semana de Arte Moderna, em 1922, movimento de renovação da literatura brasileira. O espaço promove visitas guiadas gratuitas 

Cemitério da Consolação – Se Buenos Aires tem o da Ricoleta, São Paulo também tem seu cemitério que é um verdadeiro museu a céu aberto. A necrópole mais antiga de São Paulo possui centenas de esculturas feitas entre os séculos XIX e XX, época em que a elite paulistana encomendava a grandes artistas – como Victor Brecheret e Luigi Brizzolara – a decoração das sepulturas. Uma das obras mais importantes está no jazigo de Olívia Guedes Penteado, incentivadora das artes: “O Sepultamento”, de Brecheret, premiada no Salão de Outono de Paris, em 1923. Além disso, o lugar abriga túmulos de valor histórico onde estão enterradas figuras conhecidas como Monteiro Lobato, Oswald e Mário de Andrade, Tarsila do Amaral, Washington Luis, Ramos de Azevedo, Francesco Matarazzo, a Marquesa de Santos e muitas outras. O cemitério fica no bairro da Consolação e mantém visita guiadas por meio do projeto “Arte Tumular”.

 
Faculdade de Direito do Largo São Francisco – Criada em 1827, a instituição fica em prédio tombado pelo patrimônio histórico, no Largo São Francisco, centro de São Paulo. O edifício abriga importante acervo cultural, como os vitrais da escadaria, produzidos pela Casa Conrado Sorgenicht, e o mobiliário do Salão Nobre e da Sala da Congregação, confeccionado no Liceu de artes e Ofícios de São Paulo. Pinturas e esculturas de artistas renomados distribuem-se pela Faculdade. Muitos escritores consagrados passaram por lá, como Álvares de Azevedo, Fagundes Varela e Olavo Bilac (no século 19) e Ligia Fagundes Telles e Monteiro Lobato, no século passado. Prédio e acervo em si. No arquivo da faculdade pedir a chave do museu.

Casa das Rosas – A mansão em estilo clássico francês é uma das poucas que sobraram na Avenida Paulista e foi projetada por Ramos de Azevedo para servir de moradia a sua filha e genro. Hoje funciona com espaço cultural, com cursos, palestras, oficinas de criação e crítica literárias e outras atividades. Às novas funções, acrescentou-se também uma nova designação: Espaço Haroldo de Campos de Poesia e Literatura, em homenagem ao poeta falecido em 2003, cujo acervo, com cerca de 20 mil volumes, a Casa passou a abrigar.


Biblioteca Mário de Andrade – Reza a lenda que o fantasma do escritor habita o lugar, mas, crendices à parte, Goimar considera Mário de Andrade o nome mais importante da literatura brasileira, citado por todos os 40 entrevistados por ela. Inaugurada em 1926, a Mário de Andrade é a segunda maior do Brasil, só perde para a Biblioteca Nacional do Rio. Está instalada em um edifício tombado na Rua da Consolação que, depois de ampla reforma, reabriu em 2011. Possui cerca de 400 mil títulos disponíveis para empréstimo, fotos raras e o acervo completo do jornal O Estado de São Paulo.