Datas Comemorativas

Santos, 473

26/01/2019

Símbolos da cidade

Evidentemente, cada cidade tem as suas particularidades, que ajudam a explicar porque as coisas são como são e como as pessoas vivem como vivem. Pode até soar como ufanismo provinciano, mas Santos tem singularidades que cativam não só moradores como visitantes —alguns, de tão encantados, decidam muda, fixar raízes e iniciar um novo ciclo da própria história. As exclusividades de Santos estão por todos os lados: do mais imponente monumento ao modo de comprar pão, passando pelos locais caros aos turistas e os lugares que apenas os mais autênticos santistas conhecem. Difícil relacioná-los todos, sempre faltará um ou outro ponto numa lista de características típicas de Santos. Aqui vai uma. Mas faça a sua também.

 

Média


Pão francês, pão de sal, cacetinho, pão careca… O pão mais popular no Brasil, em Santos, é chamado de média. Os padeiros mais antigos explicam que o termo vem de meados do século passado, quando as padarias (a grande maioria de proprietários portugueses) vendiam baguetes de três tamanhos: a mini, a média e grande. A mais comprada era a média. Para resumir o pedido, os fregueses omitiam a palavra ‘baguete’ e pediam apenas: “Quero quatro médias”. Com o tempo, o pão diminuiu de tamanho, convencionando-se em ter cerca de 50 gramas. Um aviso necessário ao santista: se for pedir “quatro médias” em outra cidade, vão lhe servir café com leite (que em Santos é chamado de ‘pingado’). Capaz até de o balconista perguntar: “Trouxe o vasilhame?”

 

Ninfa de Naiade


Logo na entrada do Orquidário de Santos, o visitante se depara com uma estátua bela e um tanto enigmática. É a Ninfa de Náiade, obra feita em granito por João Baptista Ferri, em 1943. No entanto, ela não esteve o tempo todo neste parque santista. Inicialmente, foi instalada na Praça José Bonifácio, mas a pressão de religiosos fez com que a “mulher nua” fosse retirada da frente da Catedral. Está no Orquidário desde 1945, quando o parque zoobotânico foi inaugurado, abrigando o acervo de mais de 90 mil orquídeas do Parque Indígena, um grande espaço localizado no Boqueirão, pertencente a Julio Conceição. Hoje, o Orquidário conta com 137 espécies de árvores, 3,5 mil orquídeas de 120 espécies, 500 animais de 70 espécies e abriga diversos eventos e atividades de educação ambiental. O visitante pode se sentir premiado caso se depare com um pavão e ele decida abrir sua cauda em leque —um pequeno, mas majestoso espetáculo. Foto: Ronaldo Andrade/PMS

 

O Peixe


Dois vergalhões de aço retorcidos capazes de serem vistos de longe são o sinal de que está se chegando a Santos. Instalado na altura do Km 64 da Via Anchieta, o Peixe concebido pelo artista plástico Ricardo Campos Mota, o Rica, traduz fielmente o sentido da expressão ‘obra de arte’, ao combinar a singeleza da forma, a originalidade do conceito e a brutalidade de suas dimensões: são 35 toneladas de aço Cos Ar Cor 400 (usado em grandes embarcações, resistente a corrosão), 25 metros de altura e mais 21 estacas cravadas no subsolo até uma profundidade de 30 metros. Foto: Anderson Bianchi/pms

 

Mural do Aquário


A correria do dia a dia e o costume com a paisagem fazem com que o imponente grafite na fachada do Aquário de Santos muitas vezes passe despercebido. Foi produzido pelo artista plástico americano e ambientalista Robert Wyland em 2008 e restaurado em 2014, pelo artista plástico brasileiro Alexandre Hubber. A cena marinha retratada nas paredes externas é a embalagem perfeita para o ponto turístico mais visitado da cidade (são cerca de 600 mil pessoas por ano) e o segundo do estado (atrás apenas do Zoológico de São Paulo). São 32 tanques, com um total de 1,3 milhão de litros, que abrigam aproximadamente 4 mil animais marinhos, de 150 espécies — peixes dos mais variados tamanhos, tartarugas, cavalos marinhos, pinguins e um leão marinho. Foto: Raimundo Rosa/PMS

 

Palmeiras na Ana Costa


128 palmeiras imperais, cada uma com cerca de 30 metros de altura e a maioria com mais de 100 anos de idade, são a característica marcante da principal avenida da cidade, que liga a praia do Gonzaga ao sopé do morro, já no bairro da Vila Mathias. A via leva o nome de Ana Costa, esposa de Mathias Casemiro, um grande proprietário de terras e o responsável pela implantação da primeira linha de bonde, puxada por burros. Além de ser importante via de acesso, a Ana Costa abriga residências e estabelecimentos comerciais. Foto: Francisco Arrais/PMS

 

Bolsa do Café


Tudo na Bolsa Oficial do Café foi feito para impressionar: relógio suíço, cristais belgas, mármore de Carrara, estátuas de 4,5 metros de altura, vitrais tchecos, imensos painéis produzidos pelo pintor Benedicto Calixo, 6 mil metros quadrados de área construída, mais de 200 portas e janelas. Inaugurado em 1922, o prédio tinha como objetivo demonstrar o poder do setor cafeeiro (a mola propulsora da economia brasileira naquela época). Com o passar dos anos, o segmento perdeu força e a edifício importância, até ser fechado em 1970. Passou por uma profunda revitalização e reaberto em 1998, dando início ao processo de revitalização do Centro Histórico de Santos. Foto: Gina Pasquatto/Divulgação/Bolsa Oficial do Café

 

Felinos na orla


Duas feras que ficam no meio do maior jardim à beira mar do mundo fazem parte da memória afetiva de muita gente — tanto moradores quanto visitantes. O Leão e a Leoa ficam próximos entre si, no trecho da praia do Gonzaga. O Leão foi feito em 1940 pelo escultor espanhol Sigismundo Fernandes. A produção da outra escultura é atribuída a alunos das oficinas de escultura do Instituto Escolástica Rosa, mas até hoje não há registros precisos sobre a autoria ou data de conclusão da obra. Além disso, não é uma leoa, mas sim um jaguar, segundo o veterinário Eduardo Filetti, que analisou a anatomia da escultura. Foto: Francisco Arrais

 

Radio Clube


Ao redor da imensa torre da antena de uma emissora de rádio foram se instalando famílias, a partir de 1950 —a grande maioria de nordestinas, que vieram à região para trabalhar no polo industrial de Cubatão. Era a ZYK-653, mantida por associados, que se cotizavam para bancar as despesas — daí o nome Rádio Clube de Santos. Os trabalhos técnicos eram comandados por Jovino de Melo, que hoje dá nome a uma das principais avenidas da Zona Noroeste. O Jardim Rádio Clube cresceu, tornando-se um dos bairros mais populosos da cidade, com moradias populares, uma classe média emergente, mas também a maior favela sobre palafitas do Brasil, no Dique da Vila Gilda. Foto: Willian Ssheppis/Instituto Ecofaxina/Divulgação

 

 

Sempre Santos


O eterno capitão Zito está imortalizado em forma de estátua em frente ao Portão 6 da Vila mais famosa do mundo. Ele é mais uma das lendas do futebol que passaram pelo Santos Futebol Clube, e colocaram a cidade definitivamente em local de destaque no mapa mundial. Pelé, Coutinho, Mengálvio, Dorval, Pepe, Gilmar, Juary, Aílton Lyra, Pita, Serginho Chulapa, Rodolfo Rodrigues, Diego, Robinho, Neymar… a lista de craques é praticamente infinita e qualquer tentativa de relacioná-los sempre cometerá injustiças. São jogadores que escreveram uma das mais vitoriosas histórias do futebol mundial. Boa parte está relatada no Memorial das Conquistas, o museu que o clube mantém dentro do próprio estádio. Há também o Museu Pelé, no Valongo (Centro), que, por uma série de circunstâncias (inclusive o envolvimento do Rei do Futebol no projeto) não correspondeu às expectativas de muita gente. Foto: Ivan Storti/Divulgação

 

Fé caiçara


Quando o prefeito Paulo Alexandre Barbosa anunciou que a Capela do Bom Jesus do Iguape seria reconstruída, os moradores da Ilha Diana aplaudiram de pé. Mas muitos caíram de joelhos em prantos ao perceberem que, na hora de executar a obra, algum gênio fez cálculos errados —exatamente cinco metros. Resultado: a entrada da capela acabou ficando exatamente em frente a um poste de transmissão de energia elétrica, que já estava lá. A capela teve que ser demolida e outra foi construída, de madeira, em sistema de mutirão. Formada basicamente por famílias de pescadores, a Ilha Diana tem cerca de 200 moradores (65 famílias), que buscam manter viva a cultura caiçara e conviver em harmonia com a expansão da atividade portuária. Bem do lado, foi construído um gigantesco terminal, com capacidade para movimentar 1,2 milhão de Teus (contêiner de 20 pés) por ano e o desafio de conciliar a atividade econômica com a preservação ambiental. Foto: Divulgação

 

Chega de saudade


Moradores mais antigos acreditam que a Lagoa da Saudade é, na verdade, a cratera de um vulcão que se encheu de água doce das nascentes do próprio Morro Nova Cintra. Ela tem cerca de 200 metros quadrados e está inserida num espaço de 1,6 mil metros quadrados que conta com quiosques, playground, pista de skate e bancos. Também abriga uma gruta com a imagem de Santa Sara Kali, padroeira dos ciganos, que frequentemente se reúnem para apresentar sua  cultura e celebrar a vida. Foto: Tadeu Nascimento

 

A imagem do estivador


O bruto de pedra, com 12 metros de altura e pesando duas toneladas, foi concebido pelos artistas Vito D’ Alessio e Juvenal Irene. A ideia era representar a importância do estivador santista, que durante décadas carregou às costas, literalmente, o crescimento do maior porto da América Latina. Primeiramente, em 1996, o monumento foi instalado na Praça Silvério de Souza, perto do Armazém 13, no Paquetá: um local de destaque por quem transitava pelo cais santista. Em 2005, foram construídos silos para armazenagem de grãos e a estátua ficou apertada entre eles. No ano seguinte, o antigo Armazém 12-A foi demolido, dando lugar um terminal muito maior, que na prática fez o monumento desaparecer. Em 2010, com a construção da Avenida Perimetral, a escultura foi escanteada para a esquina das ruas Manoel Tourinho e Xavier Pinheiro, no Macuco. Nada mais fiel para simbolizar o que aconteceu com o trabalhador portuário ao longo do processo de modernização do Porto de Santos. Foto: Marcus Cabaleiro