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O sistema político apodreceu

23/03/2019

É muito provável que o ex-presidente Michel Temer deveria ter sido preso anos atrás, tamanho o número de denúncias em que está envolvido. As evidências de que comete crimes contra o patrimônio público ao longo de décadas são fortes – a mala de R$ 500 mil com o assessor Rocha Loures – é apenas um pequeno exemplo. Vários delatores implicam Temer e seu amigo coronel Lima. No entanto, a prisão preventiva decretada quinta-feira parece frágil do ponto de vista legal.

 

Nós temos, no Brasil, um problema sério: os parlamentares fazem as leis para se proteger, em muitos casos, e a Justiça costuma ser excessivamente lenta com os poderosos, apesar de cara. Como a lei é dúbia, sempre dá margem a habeas corpus, estilo Gilmar Mendes, para bandidos de colarinho branco. O fato é que no Brasil as leis são feitas para proteger os poderosos. Simples assim.

 

Em um país sério, certamente Michel Temer e muitos outros políticos de sua turma já estariam presos. Mas isso não justifica uma prisão sem base legal como a ocorrida na quinta-feira. Temer não foi julgado, ao contrário de Lula, e nem ameaça testemunhas ou tem agido para obstruir a Justiça, até onde se sabe.

 

Ao optar pela prisão preventiva, o juiz Marcelo Bretas repete 19 vezes o verbo parecer, o que representa dúvida ou incerteza. E o que deve levar a uma decisão extrema é a certeza, amparada por provas.

 

De todo modo, Michel Temer terá muito a explicar por suas (más) companhias e atuações suspeitas ao longo de décadas. Os fatos da semana só comprovam que o sistema político apodreceu. Temos dois ex-presidentes presos, no Rio três ex-governadores também estão na cadeia e outros dois igualmente passaram uma temporada na prisão. A lista inclui parlamentares, prefeitos, vereadores…

 

É preciso reconstruir o Brasil.