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Pensar no Brasil

30/03/2019

Depois de um início de semana bastante tenso, com agressões desnecessárias de lado a lado, tudo indica que o bom senso acabou prevalecendo e tanto o presidente Jair Bolsonaro como o presidente da Câmara, Rodrigo Maia, acertaram uma trégua. A briga entre os representantes dos dois poderes levou à disparada do dólar, fez a bolsa desabar e deixou em pânico o mercado financeiro. Tudo péssimo para um país que não pode se dar ao luxo de errar mais uma vez.

 

Com apenas três meses de mandato, Bolsonaro tem-se revelado um fabricador de crises. Embora instalado no Palácio do Planalto, com o aval de mais de 58 milhões de eleitores, o presidente parece ainda estar em plena campanha eleitoral. E pior: com um discurso agressivo, que agrada apenas aos eleitores da direita radical.

 

O presidente pode até ter razão em criticar o que ele chama de “velha política”, mas ele não pode fingir que Rodrigo Maia não representa essa mesma velha política que tanto condena. Maia, conhecido pela alcunha de Botafogo na planilha da Odebrecht, deve explicações sobre seu envolvimento com empreiteiras, é verdade, mas ele comanda a Câmara e tem forte apoio de seus pares.

 

Entrar em atrito com Maia significa jogar lenha na fogueira e inviabilizar a reforma da Previdência e outras reformas necessárias para tirar o Brasil de uma crise que provocou 13 milhões de desempregados.

 

O eleitorado, cansado de tanta bandalheira, promoveu mudanças no Congresso, mas, convenhamos, há fortes indícios de que os novos eleitos, salvo raras exceções, são tão ruins ou até piores do que aqueles que substituem. Político quer cargo e verba e, em muitos casos, outras “cositas mas”. Impossível Bolsonaro não saber haja vista que viveu 28 na Câmara dos Deputados.

 

Como presidente, terá de negociar, ceder nas relações com o Parlamento. Que faça isso dentro dos padrões republicanos. A alternativa seria o agravamento da crise e o fim do governo.

 

O Brasil não suporta mais uma nova tragédia.