Meio Ambiente

Saiba como ajudar a ampliar índice de reciclagem em Santos

16/09/2019
Saiba como ajudar a ampliar índice de reciclagem em Santos | Jornal da Orla

Plástico, papel, vidro e metal. Materiais presentes em casa, no trabalho, dentro do carro e que, desde o descarte, precisam de uma destinação correta para serem reaproveitados. No Município, a separação do lixo é obrigatória pela lei Recicla Santos, mas, apesar do crescimento inédito da coleta seletiva, chegando aos 321% em 2018, a presença de rejeitos em meio aos detritos ainda é um desafio para a reciclagem no Município.

 

Quem lida diariamente com a separação dos detritos sabe bem da necessidade da divisão correta dos itens recicláveis. Odete Cunha, presidente da Cooperativa de Materiais Recicláveis Santista (Comares), localizada na Alemoa, explica que, na montanha de garrafas plásticas e embalagens diversas, é tanto material não aproveitável que, atualmente, a média do que é rejeitado no local chega a 30%.

 

Segundo ela, oito caminhões da Prodesan despejam até 40 toneladas por dia de produtos para separação e venda. ‘’Recebemos muitos travesseiros, almofadas, até cachorro morto vem parar aqui. E muitas roupas, sapatos e cortinas, que deveriam vir separados’’.

 

A espuma que preenche travesseiros e almofadas não é reciclável. Assim como colchões, que frequentemente surgem na Comares. Restos de jardinagem, cartelas de medicamentos e entulho de obra também fazem parte da lista de produtos que não são reaproveitados, mas que chegam em grande quantidade à cooperativa, onde 80 trabalhadores fazem diariamente a separação dos produtos, das 7h às 17h.

 

Lavar
Tão importante quanto a separação dos detritos, uma dica fundamental para os moradores pode ajudar ainda mais o processo de aproveitamento dos materiais: quanto mais limpos os produtos recicláveis chegarem à cooperativa, mais fácil fica separá-los. Latas, garrafas e caixas de suco e leite, por exemplo, podem ser rapidamente lavadas junto com a louça do dia a dia. ‘’Não é preciso lavar separadamente cada um. A própria água da lavagem dos utensílios que vai caindo já tira o grosso desses produtos’’, explica Odete.

 

E como fazer com as caixas de papelão que embalam pizzas, esfihas e comidas em geral? Mesmo engorduradas, podem ser reaproveitadas. ‘’Mas nunca é demais frisar. Muitas vezes, essas caixas chegam com camadas grossas de queijo e presunto, muito resto de comida. Além de dificultar a reciclagem, atraem ratos e baratas. Aí acabam sendo totalmente descartadas’’, lamenta Álvaro Silva Oliveira, responsável pela manutenção e produção da atividade de reciclagem no pátio da Comares, que fica na Alemoa.

 

Acompanhando desde o início os trabalhos da cooperativa, ele afirma que a presença de rejeitos junto de produtos recicláveis já foi maior, atingindo 60% do que chegava ao local, mas o volume atual do que se perde ainda é alto. ‘’Chegamos a fazer apenas 18% de rejeitos em 2016.

 

Compactar
Além de uma rápida limpeza nos itens recicláveis, uma dica importante para o munícipe e que facilita o dia a dia dentro de casa é compactar o resíduo. Garrafas PET, por exemplo, são facilmente compactadas depois de vazias. Embalagens de leite podem diminuir de tamanho soltando as dobras do fundo da caixa ou cortando-as com uma tesoura.

 

Medidas simples que aumentam a capacidade de armazenagem em sacos de lixo e tornam mais fácil a espera pela coleta seletiva.

 

Sustento
Apesar dos desafios que ainda existem na atividade de reciclagem, o trabalho garante o sustento de muitas pessoas na Cidade. José Vieira de Carvalho Filho, 61 anos, está desde o começo do funcionamento da Comares e conta que o salário é fundamental para seu sustento e o da esposa, que é aposentada. ‘’Aqui, ainda aparece de tudo, inclusive resto de comida. E o ideal é que estivesse limpo’’, observa.

 

Ana Paula Silva, outra cooperada que trabalha no local, conta que foi na separação do lixo que encontrou a chance de ganhar dinheiro. ‘’Muita coisa passa por aqui. Mas é um trabalho que me ajuda e ajuda muitas famílias também’’.

 

Campanhas

A Prefeitura tem intensificado as campanhas sobre a importância do tratamento correto dos resíduos. Nas principais praças da Cidade, além de canteiros centrais de avenidas como a Rangel Pestana e Waldemar Leão, estão espalhados 25 painéis informativos. Já na orla da praia, foram instalados outros 25 totens nas estruturas montadas para a retirada de embalagens para o recolhimento das fezes dos cães. Há ainda 10 painéis busdoor.

 

Nos informativos, cujo título é Reciclar é Lei!, as mensagens reforçam a importância de separar o lixo reciclável do orgânico, convidando os moradores a fazerem a sua parte para uma cidade cada vez mais sustentável.

 

De acordo com o secretário de Meio Ambiente, Marcos Libório, a educação ambiental depende de persistência. ‘’Quanto mais as pessoas tiverem conhecimento sobre a reciclagem, melhor o comportamento em casa. A Prefeitura recolhe todo o lixo das ruas, mas a população tem que utilizar os serviços da forma correta, começando pela separação dentro da residência’’.

 


Arte: Rodrigo Veira

 

Foto: Raimundo Rosa/PMS