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A música audaz de Toninho Horta

28/09/2019
A música audaz de Toninho Horta | Jornal da Orla

Em 2011, com a direção de Fernando Libânio e produção da Acanga Filmes e Terra dos Pássaros, foi lançado o DVD no formato de documentário, com duração de 50 minutos, que conta a trajetória artística e muito criativa de um dos maiores e mais talentosos músicos brasileiros.

 

Considero o guitarrista, violonista, produtor, arranjador e compositor mineiro Toninho Horta um artista especial e um dos mais inspirados que já conheci. 

 

Ele que tem, em mais de 40 anos de carreira, uma incrível projeção internacional, principalmente na Europa, Estados Unidos e Japão, merecidamente.

 

O documentário, além de imagens de shows, traz depoimentos muito significativos de Milton Nascimento, Nana Caymmi, Joyce Moreno, Raul de Souza, Wagner Tiso, John Pizzarelli, entre outros. 

 

Uma pequena amostra da sua importância no cenário musical, tanto para os artistas que tanto o admiram, quanto para seu público, sempre muito fiel e caloroso.

 

Apesar de ser um embaixador da música instrumental brasileira pelo mundo, optou por viver em Belo Horizonte, perto da família e dos amigos e, aqui em Santos, já teve passagens memoráveis. 

 

Um artista simples, tranquilo, extremamente produtivo e criativo, além de muito acessível.

 

Entre seus ídolos, estão o eterno maestro Tom Jobim, Dorival Caymmi, Hermeto Pascoal e Wagner Tiso. E considera como sua grande inspiração o guitarrista americano Wes Montgomery, um dos grandes gênios do Jazz.

 

Atualmente, referenda os trabalhos de Hamilton de Holanda e Yamandú Costa, que, segundo ele, são os grandes responsáveis pela divulgação da música instrumental brasileira, sempre com muito talento e ousadia.

 

Toninho Horta defende que a riqueza da música instrumental no Brasil precisa estar mais disponível para o público, através da multiplicação dos festivais de música específicos, como temos visto acontecerem nos estados de Minas Gerais, Ceará, Bahia, Paraná e Santa Catarina.

 

As minhas músicas preferidas dele são “Manuel, o Audaz”, “Beijo Partido”, “Waiting For Angela”, “Francisca”, “Serenade” e “Dona Olimpia”.

 

Os CD's “Once I Loved”, ao lado dos músicos de Jazz, Gary Peacock e Billy Higginhs, “Sem Você”, ao lado de Joyce e também “From Ton to Tom (De Ton para Tom) – A Tribute to Tom Jobim”, são muito especiais para mim.

 

Aquele abraço Toninho Horta, um verdadeiro gênio audaz!

 

 

Chet Baker – “The Last Great Concert – My Favourite Songs – Vol. I & II”

 

O trompetista e cantor Chet Baker pode ser considerado como um dos grandes nomes do Jazz e sua trajetória de vida conturbada foi marcada por muitos altos e baixos. 

 

Foi um dos criadores do “west coast”, uma variante do “cool” de Miles Davis e Gerry Mulligan, vertentes do Jazz e a sua forma de cantar influenciou diretamente a Bossa Nova.

 

Destaco suas últimas gravações feitas ao vivo na Alemanha em 1988 ao lado da NDR Big Band e da Radio Orchestra Hannover, registradas duas semanas antes do seu falecimento, ocorrido em circunstâncias, que permanecem duvidosas até os dias de hoje.

 

Neste primoroso trabalho lançado no ano de 1990 pelo selo Enja, destaque para as participações de Walter Norris no piano, Herb Geller no saxofone, John Schoeder na guitarra, Lucas Lindholm no contrabaixo e Aage Taggaard na bateria. 

 

Apesar de estar debilitado de saúde e decadente, neste concerto Chet Baker deu o máximo da sua capacidade e o resultado musical é comovente. 

 

E até parece que ali ele já sabia que estava se despedindo do seu público com uma grande “performance”. 

 

Coisas que sentimos ao ouvir com atenção as faixas do disco e que não podemos explicar.

 

O disco duplo tem 14 temas, divididos em dois “sets” de sete músicas cada um e no primeiro disco merecem destaque os temas de abertura “All Blues” (que homenageia Miles Davis) , “My Funny Valentine”, “Summertime” e “I Fall In Love Too Easily, relembrando a sonoridade mágica dos anos cinqüenta, que foi o auge da sua carreira.

 

Já no segundo disco, destaco o clássico “Look For The Silver Lining”, e mais “Conception”. “There`s A Small Hotel” e a balada de emocionar “Tenderly”.

 

Despedida em grande estilo deste improvisador lírico, autodidata, dono de um toque macio e de vocais sussurrantes. É um dos meus artistas favoritos.

 

 

Stan Getz & Kenny Barron – “People Time”


 

Este álbum duplo do saxofonista Stan Getz com 14 temas, lançado originalmente em 1992 pelo selo Verve Gitanes Jazz, foi eleito pela revista Jazz Times como um dos 50 melhores álbuns de sax tenor de todos os tempos.

 

E curiosamente também, foi gravado pouco antes da sua morte e é considerado por muitos como seu testamento musical.

 

E assim como aconteceu como a maioria dos gênios do Jazz, ele teve uma vida desregrada, instável e cheia de turbulências. 

 

Getz pode ser considerado também como um dos maiores embaixadores da Bossa Nova nos Estados Unidos. 

 

Fez gravações antológicas ao lado de João Gilberto, Astrud Gilberto e Tom Jobim. Sempre foi um grande fã e incentivador da nossa música, principalmente a Bossa Nova.

 

Todas foram gravadas ao vivo no formato duo de sax e piano no Café Montmartre em Copenhague, um dos mais tradicionais templos do Jazz da Europa, fundado em 1959.

 

Surpreende ouvir a vitalidade do sopro de Stan Getz encontrando seu velho parceiro Kenny Barron ao piano. Cumplicidade pura.  

 

No primeiro disco, destaque para “East Of The Sun” (uma das minhas preferidas), o clássico “Night and Day”, “Like Someone In Love” e “I Remember Clifford”.

 

Já o segundo disco tem como destaques “First Song (For Ruth)”, “There Is No Greater Love”, a faixa título “Pepople Time”, “Softly, As In A Morning Sunrise” e “Soul Eyes”.

 

Stan Getz, saxofonista de sopro melódico, supremo e absoluto. Outro da minha lista de favoritos.