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Resenha da semana: Parasita

09/11/2019
Resenha da semana: Parasita | Jornal da Orla

Esta semana fiquei com uma enorme dúvida sobre qual filme falar na coluna: Doutor Sono, continuação de um dos maiores filmes de terror dirigido pelo gênio Stanley Kubrick, ou Parasita, filme ganhador da Palma de Ouro no festival de Cannes. Optei pelo último, pelo fato de estarmos perto da época de premiações do Oscar e por enxergar este longa como um dos grandes concorrentes a Melhor Filme Estrangeiro. Primeiro vamos à escolha do título. Em uma rápida busca no Google encontramos que Parasitas são seres vivos que retiram de outros organismos os recursos necessários para sua sobrevivência e é basicamente isso o que o genial diretor sul coreano Bong Joon-ho constrói neste longa, uma forte e inteligente denúncia à desigualdade social que é brilhante em sua execução e repleta de um humor sombrio. Definitivamente, Parasita é um dos melhores filmes deste ano.

 

Em mais um trabalho excepcional, o diretor Joon-ho utiliza uma câmera sempre seguindo seus personagens, seja pela bela mansão, que aos poucos vão habitando, ou por outros cenários afim de estabelecer uma relação entre público e aquele universo. Sempre buscando retratar a marginalidade em que aqueles personagens vivem e jamais os retratando como pessoas ruins, o diretor tem total controle sobre sua obra e mostra uma enorme sutileza ao conseguir transitar por diversos gêneros, seja a comédia, drama ou o horror, todos de forma orgânica. O roteiro do filme se abre com perfeição e se fecha da mesma forma e quando você acha que dominou o filme e acha onde ele quer chegar, ele te dá uma rasteira e te mostra totalmente o oposto. Aqui, o diretor vai construindo uma bomba relógio sendo tudo desenvolvido de forma única: o longa incomoda, faz rir, surpreende o espectador, desperta a ira e cansa emocionalmente.

 

O elenco possui uma excelente química e seria injusto destacar apenas uma atuação, já que todos estão impecáveis fazendo com que a narrativa flua naturalmente, sem em nenhum momento soar forçada ou piegas, mediante algumas situações absurdas empregadas pelo roteiro, em especial no violento terceiro ato, onde enxerga nessa violência o único desfecho possível para o choque entre extrema pobreza em relação à ostentação, acentuando as diferenças e as injustiças sociais em um clímax sangrento.

 

Eu adorei Parasita. É um filme urgente e que tem algo importante a dizer, consolidando ainda mais o cinema sul coreano como um dos mais importantes da década. Fuja um pouco dos filmes comerciais que atacam os cinemas e corra para ver esta obra-prima. 

 

Foto Divulgação