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Feliz golpe novo

04/01/2020
Feliz golpe novo | Jornal da Orla

O ano começa com mais uma patifaria contra o contribuinte, desta vez patrocinada pelo Banco Central para favorecer o sistema bancário, que já coleciona lucros gigantescos às custas da Nação. É simplesmente inacreditável, mas a partir do dia 6 os novos correntistas que tiverem cheque especial com limite acima de R$ 500 vão ter de pagar 0,25% de taxa sobre o que exceder a esse valor, mesmo sem utilizar o recurso. Isso tem nome: roubo.

O assalto oficial contra os clientes antigos começa em 1º de junho. Não deixa de ser triste e desalentador o fato de que esse crime contra os correntistas seja patrocinado pelo Banco Central de um governo que chegou com proposta liberalizante e de defesa de um país moderno e com olhos no futuro. Mais que atrasada, a iniciativa fere o que se conhece de livre mercado e é uma afronta aos direitos do consumidor, haja vista que em nenhum país do mundo o cidadão é obrigado a pagar por algo que não utiliza.

Há muitos anos os bancos brasileiros praticam diariamente crime de lesa pátria, cobrando taxas e juros extorsivos que dariam cadeia em um país civilizado. A desigualdade social e a violência crescente são, certamente, resultado dessa política predatória, que inviabiliza micro e pequenos empresários, fecha empregos e destrói sonhos. Até onde irá a canalhice, garantida por governos sem nenhum respeito pelo povo?

Apenas os quatro maiores bancos brasileiros – Itaú, Bradesco, Santander e Banco do Brasil – tiveram um lucro de R$ 59,7 bilhões de janeiro a setembro do ano passado, o que representa uma alta de 14,6% em relação a igual período de 2018. Vale lembrar que esses lucros astronômicos cresceram em meio à maior recessão da história do Brasil.

Não é preciso entender de economia para perceber que esse tipo de capitalismo selvagem destrói uma Nação. A OAB (Ordem dos Advogados do Brasil) oficiou o Banco Central sobre a ilegalidade da cobrança por algo que não é utilizado, mas o documento, aparentemente, foi ignorado pelos leões da instituição.

O que teria motivado o BC a editar uma medida que favorece os bancos de forma acintosa e prejudica de maneira escandalosa os correntistas? É evidente que o governo federal, nesse caso, deve explicações aos cidadãos. Como se dizia na Roma antiga, à mulher de César, não basta ser honesta, tem de parecer honesta.

Também causa estranheza que os representantes do Ministério Público ainda não tenham entrado na Justiça para impedir essa patifaria contra milhões de correntistas que há muito não suportam mais taxas e juros abusivos.

Até quando vão abusar da paciência do povo brasileiro?