Santos, 474 anos

Calçadão da orla é a Santos nossa de cada dia

25/01/2020
Calçadão da orla é a Santos nossa de cada dia | Jornal da Orla

O que falar desse quase centenário menino, que a cada e a todo dia se renova, e que de tão grandioso não poderia ter seu nome de batismo terminado de outra forma senão por “ão”. Como Adão, da criação; como João, o apóstolo agraciado; como Sansão, de força sobre-humana.

 

Já o nosso menino, ainda que grande em extensão e área, atende pelo singelo nome de Calçadão, e emoldura a orla de Santos. Abriga em seu espaço o maior jardim frontal à praia do mundo, com seus mais de 900 canteiros de plantas e cerca de 1700 árvores e palmeiras. Abriga, na verdade, muito mais do que isso. Como uma grande galeria a céu aberto, 38 esculturas nele instaladas dialogam incansavelmente com todos que por ali passam: 24 horas por dia. 365 dias por ano.

 

O Calçadão da orla é, enfim, o lugar preferido da maioria dos santistas. É o que revela a Pesquisa Badra, encomendada pelo Jornal da Orla, como uma das formas de homenagear o aniversário de 474 anos de Santos. Dos 1299 moradores ouvidos, 40,5% cravaram nele sua escolha de melhor lugar da cidade. E, convenhamos, nem daria para ser diferente, apesar do rico e diversificado patrimônio natural e monumental que o município possui.

 

O conjunto arquitetônico idealizado por Saturnino de Brito, sempre ele, em 1914, e que só começou a sair do papel em 1930, de fato compõe o repertório coletivo e a identidade da população santista. Está tão presente em seu imaginário, que a conformação espacial do Calçadão, do ponto de vista de paisagem urbana, é algo que o santista já se apropriou, tomou por seu.

 

E convenhamos, parece que não só o santista. Uma breve passada de olhos na seção opinião dos viajantes, na página reservada a Santos, pelo site TripAdvisor, um dos maiores sites de viagem do mundo, revela que o Calçadão é aprovado por 96% dos turistas: 67% o consideram uma atração excelente e outros 29% muito boa.

 

E já que o tom é de apropriação, nada mal talvez seja um pequeno empréstimo das palavras do poeta, jornalista e escritor Menotti Del Picchia, lá na década de 50, para fazer um paralelo entre a descrição que ele fez da cidade, à época, e a importância do Calçadão da orla, ainda hoje, para todos nós, santistas de coração ou de visitação: “Minha última estada na praia mostrou-me uma Santos em plena reação. O paulista já compreendeu o alcance da oxigenização do seu organismo após o desgaste da semana. O sol marinheiro, o vento do largo, o exercício nas ondas e nas areias valem tanto para um corpo como para um automóvel a sua lavagem e lubrificação. O camarada volta novo tal qual o cristal lascado depois de reimerso na água-mãe. O que há de pitoresco na Santos de hoje é que a vida balneária não é mais apenas granfina: o pequeno burguês e o proletário já compreenderam que a vida pertence igualmente a todos, assim como a beleza, a saúde, o descanso e o sol”. 

 

Na terra da caridade e da liberdade, é o Calçadão da orla que a todos presenteia como lugar de pertencimento e igualdade.

 

Foto Divulgação/PMS