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Heróis anônimos

07/03/2020
Heróis anônimos | Jornal da Orla

A tragédia que se abateu sobre a Baixada Santista, com mortos, desabrigados e famílias destruídas, certamente deixará profundas cicatrizes. Foi realmente algo terrível e triste. Mas a tragédia revelou também a generosidade de milhares de moradores e, mais uma vez, o heroísmo de integrantes do Corpo de Bombeiros, não por acaso a instituição mais respeitada pelos brasileiros.

 

Solidariedade nos momentos de dor é o que nos revela humanos e nos dá a esperança de que nem tudo está perdido. Para famílias que sofreram com a morte de entes queridos significa conforto e força para recomeçar depois de algo tão brutal e doloroso. Vivemos tempos difíceis, mas a tragédia registrada na Baixada Santista nos ensina que somos um povo capaz de superar, com dores, é verdade, e nem poderia ser diferente, os maiores obstáculos.

 

Mas também é fato que muitas das mortes poderiam ter sido evitadas se milhares de pessoas não fossem obrigadas a viver em áreas de risco. Esse é mais um retrato da tragédia brasileira, de um país extremamente desigual, onde poucos vivem com grandes fortunas enquanto milhões sobrevivem em condições precárias.

 

Reduzir a desigualdade é uma tarefa que diz respeito a todos nós, um exercício de cidadania que só pode ser levado adiante com o aprimoramento do sistema democrático. Fazer boas escolhas e cobrar das autoridades as mudanças necessárias, como o fim de privilégios escandalosos – existentes nos três poderes -, e investimentos básicos e necessários em áreas sociais, por exemplo.

 

Culpar um único governo pela tragédia seria leviandade. Mas também não dá para aceitar como natural a falta de sensibilidade do presidente da República. Enquanto heróis do Corpo de Bombeiros buscavam sobreviventes e resgatavam corpos na lama, Jair Bolsonaro fazia palhaçada no Palácio do Planalto, mandando seu cover – um humorista de segunda linha – distribuir bananas para jornalistas. Talvez Bolsonaro não saiba que a Baixada Santista faz parte do Brasil, ou tragédias do gênero não lhe toquem o coração.

 

Um mínimo de respeito, por favor, senhor presidente! 

 

Foto: Corpo de Bombeiros/SP