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Se Bolsonaro erra feio quando a resposta certa é evidente, imagine em questões complexas!

31/03/2020

Marco Santana

O mais revelador do comportamento de Jair Bolsonaro, uma teimosia capaz de dar inveja a um jumento, é sua completa incapacidade de lidar com assuntos sérios. Se num tema em que a decisão mais acertada é evidente (seguir o que dizem os especialistas), imagine em questões complexas e que, sim, admitem mais de um diagnóstico!

 

A Organização Mundial da Saúde (OMS), praticamente todos os líderes mundiais (incluindo o reticente Donald Trump), o ministro DA SAÚDE de seu próprio governo, diversos outros ministros do SEU governo… todo o mundo defende o isolamento social como o método mais eficaz de combater o avanço do Covid-19. Só Jair Bolsonaro que não.

 

Então, qual a credibilidade que Jair Bolsonaro tem para dar opiniões sobre temas complexos e que admitem várias posições devidamente embasadas como política macroeconômica, Previdência Social, reforma tributária, desmatamento de vegetação nativa, quilombolas, questão de gênero, segurança pública e legislação penal? Alguém, mesmo seus mais fieis apoiadores, acredita que ele é capaz de organizar um pensamento coerente, denso e verossível em assuntos delicados como estes?

 

Mas que ninguém alegue que “não sabia” que Jair Bolsonaro era o tiozão do churrasco que tomou umas a mais. Ele nunca escondeu estas suas, digamos, “características” (lembro deste termo uma palestra de um especialista em Recursos Humanos que aconselhou aos presentes de, em vez de fizer que ‘fulano tem tal defeito’, dizer que ‘fulano tem tal característica’). “Ah! Mas era preciso evitar a volta do PT”, dizem os ingênuos. Essa não cola: havia ONZE candidatos no primeiro turno presidencial de 2018, para as mais variadas preferências: do liberal na economia e conservador nos costumes João Amoedo ao incendiário Guilherme Boulos.

 

O que resta a todos nós é aprender com os erros, trabalhar para evitar que a situação piore e não repetir equívocos grosseiros como este – a eleição de Jair Bolsonaro.