Criar e Construir

Sua casa vai ser globalizada

11/04/2020
Sua casa vai ser globalizada | Jornal da Orla

Não se assuste com o título. Sua casa, aliás, já está sendo globalizada e você nem percebeu. E o processo mal começou. Essa tendência teve início três décadas atrás (a nova geração nem soube como era antes!), quando a Internet começou na prática a se popularizar em todo o mundo, com novas soluções para muita coisa que antes fazíamos de forma localizada – eram outros os hábitos, outras as necessidades, outra a forma de vivermos.

Na década de 1990, já era razoavelmente comum ter em casa um telefone, um computador para algum teletrabalho ou lazer, um console para jogos, um televisor, um receptor de rádio, um reprodutor de CDs e DVDs (se não sabe o que é isso, descubra no Google – e não reclame, pois antes teria que procurar numa enciclopédia!)… E precisávamos de uma linha telefônica com modem, um cabo de antena de tv, além da fiação elétrica.

Hoje, esses equipamentos – ou o que restou deles – estão interconectados, e vá se preparando, porque a sua geladeira e a cafeteira já estão se sentindo meio deslocadas nesse novo tempo. Para isso, foi preciso passar cabos por todo lado dentro de casa, até que surgisse o wi-fi. E, como era preciso criar uma poderosa rede doméstica para essas conexões, vieram também os repetidores de sinal… a próxima geração já nem saberá também o que era cabeamento elétrico, pois a eletricidade virá pelo ar. O controle de tudo isso já é feito pelo celular, às vezes de lugar bem distante no planeta.

Daí… a sua casa está aos poucos mudando, e isso traz novos desafios para os arquitetos, engenheiros e designers de interiores. Onde raios deve ficar a antena principal do roteador e onde ficarão os repetidores, para obter performance satisfatória? E se o filho do cliente for fanático por jogos eletrônicos de alta performance e quiser jogá-los lá no seu quarto, bem longe da emissão do sinal wi-fi mais forte?

Como se vê, já não basta entender de Engenharia, Arquitetura, Decoração de Interiores… é preciso ter conhecimentos especializados de propagação de sinais, para que eles não sofram interferência do projeto de decoração e arquitetura. E é preciso também conhecer bem o perfil tecnológico do cliente, se ele privilegia a alta performance no uso da Internet em casa ou está mais interessado no visual e no conforto que um bom projeto de decoração podem lhe proporcionar.

Novo desafio – Não existe um manual de como fazer, uma receita pronta. Cada moradia ideal terá o perfil ideal de seus ocupantes. A dica de ouro é apenas esta: da mesma forma como os profissionais se preocuparam com projetos luminotécnicos e com a propagação sonora nos ambientes, agora têm o novo desafio de pensar em como a rede mundial de computadores está mudando conceitos e modos de fazer as coisas.

contamos aqui como uma impressora 3D prepara alimentos no ponto para serem servidos, e já são quase banais a cafeteira programável pelo celular, o controle de temperatura e luminosidade ambiente acionado pela voz do dono. Sensores já “conhecem” os donos da casa ou o avisam se houver um intruso. Latas de lixo e geladeiras inteligentes que literalmente sentem a redução do estoque de alimentos e bebidas numa casa só não são tão conhecidas por causa do alto preço, mas existem desde o final do século passado. Com a evolução da Internet das Coisas (IoT, na sigla inglesa), tudo isso vai se intensificar muito nos próximos anos. A propósito, comece a pensar na altura dos móveis, para que os robôs de limpeza doméstica possam circular por baixo deles…

Se tudo isso está mudando – e a vida das pessoas vai acompanhando essas mudanças -, por que as residências não acompanhariam essa evolução? Pense nisso (antes que sua casa comece a pensar por você!)…
 

Robô aspirador funciona sozinho, mas não levanta móveis para limpar debaixo deles
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Roteador com antena wi-fi precisa ter sua posição bem planejada para ser eficiente
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Internet das Coisas (IoT) vai deixando as casas mais inteligentes
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