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As pessoas não fazem ideia do quanto vivem conectadas umas às outras.

26/04/2020
As pessoas não fazem ideia do quanto vivem conectadas umas às outras. | Jornal da Orla

A frase é do filme “93 dias”. E é assustadora a relação que vemos com os dias de hoje. Em todos os sentidos. 

 

O filme fala sobre a epidemia de ebola que ocorreu na Nigéria em 2014. A frase é sobre a velocidade do vírus e dificuldade de conter a transmissão.

 

Porém, quero fazer diferente. Quero trazer para nossa conversa uma outra conexão. Que também nos liga cada vez mais.

 

Quantas vezes nos sentamos à mesa e cada um saca o seu celular? O mundo rolando à sua volta, aquele amigo que você dizia que queria ver, seu filho na cadeira ao lado, sua mãe perguntando como foi seu dia, o jogo do seu time na TV. Tudo a centímetros de você e são as poucas polegadas da sua tela que te chamam a atenção.

 

A conexão nos afasta.

 

De repente, recorremos à mesma ferramenta que pode afastar corpos, para agora aproximar casas. 

 

Conexão é uma palavra curiosa. 

Conexão no sentido de comunicação. Conexões podem ser profissionais. 

Conexão de pensamentos, de ideias. Conexões de almas. 

 

Conexão de internet.

 

A expressão já se tornou mais corriqueira que o “bom dia”. 

Já entramos no lugar perguntando pela senha do wifi antes de tudo?

 

A revolução das revoluções. Uma revolução que se revoluciona. Se reinventa. 

Já foi para poucos. Já custou caro. Já foi acessível. Já foi bem comum. Já foi popular. Hoje é vital.

 

E em tempos de isolamento social, é ainda mais.

 

Depois de tanto reclamar com o amigo que não largava o celular do nosso lado, de jantarmos separados na mesma mesa, foi preciso recorrer a ela para fazer o brinde.

Para abraçar virtualmente. Para saber da família. Dar parabéns ao sobrinho. Receber o carinho do namorado. 

 

Ver o irmão de quem temos tanta saudade. E que estava lá, na casa dele. A três quarteirões da sua. Onde você almoçava toda semana. Mas que na hora da conversa, estava vendo um vídeo e depois era você que só precisava postar aquele tuíte.

 

Precisava? 

 

O verbo ficou banal. Sempre é só uma foto, uma mensagem, uma curtida. 

“Deixa só eu responder rapidinho. Ele me mandou já tem 10 minutos.” 

Criamos a necessidade do imediatismo. Precisa ser agora. Visualizou, tem que responder. 

Não curtiu na hora? Tem alguma coisa errada entre a gente.

 

E então, tudo desacelerou. Já não é preciso pular da cama tão cedo para evitar trânsito. Tirando os carrinhos do seu filho pelo caminho até a sala, você não terá muita dificuldade para chegar no trabalho.