Ouvi esta frase do humorista Nando Viana. Poucas vezes ouvi algo que soasse tão sério.
Não são poucos os momentos onde se você parar e olhar, tudo mudou em um único segundo. Para o bem ou para o mal. A gente tem a mania de prestar mais atenção quando algo dá errado. E isso não é pessimismo. Isto é mais natural do que se imagina.
Na verdade, como diz o neurocientista Felipe Calabrez, focar no que dá errado é na verdade o nosso instinto de sobrevivência agindo. Aquele homem das cavernas que ficasse mais atento aos riscos, perigos, que desenvolveu um olhar “pessimista” de que algo de ruim poderia acontecer a qualquer instante, sobreviveu. Enquanto o nosso ancestral que ficou mais relaxado e menos temeroso do que estava acontecendo, foi comido pelo leão. E essa herança genética foi sendo carregada.
Por isso, na maior parte do tempo, quando pensamos em mudanças repentinas da vida, nos levamos a pensar em revezes. Em momentos que ficaram ruins ou até pioraram.
Mas não. Um pequeno esforço mental, fará você se lembrar de situações onde algo positivo aconteceu inesperadamente. Surpreendentemente
Mas, ok. Seja para positivo ou negativo, o ponto em questão é que não adianta você achar que tudo sairá como você tem planejado. A vida não está nem aí para isso.
O que não quer dizer que ela tenha um plano já definido, escrito para cada um e esteja se encarregando de que você não saia do roteiro, como no filme Agentes do Destino.
Isso quer dizer que a vida é um emaranhado de fatos, de acontecimentos, de situações que vão ocorrendo e que, sim, precisamos aprender a lidar enquanto vivemos. Ajustar as velas no meio da tempestade, sabe? Ou não fazer besteira com elas, quando o vento estiver a favor.
O ponto que inflexiona toda essa conversa é o de que pensamos que sendo pessoas boas, coisas boas nos acontecerão também.
Vivemos achando que a vida é um banco de crédito. Onde o que depositamos, voltará com correções e juros.
Não funciona assim.
Pessoas que praticam o mal, ou atitudes consideradas erradas, também vão se dar bem na vida. Também encontrarão dinheiro na calça, ganharão sorteios, terão sorte no amor ou serão bem sucedidas no trabalho.
Enquanto aquela que só age dentro do que é considerado moral e ético, do que é correto, também vai ficar desempregada, ser traída por quem ama ou até mesmo adoecer seriamente.
Acreditamos que tem sempre alguém lá em cima decidindo o que é justo, certo.
Quem pega ou pênalti ou quem o converte. Quem vai para cadeia e quem continua impune
E a discussão não é religiosa ou mística.
Mas tem a ver com a nossa necessidade de delegar as responsabilidades. Seja acreditando no destino, na religião, no signo, ou na sorte que a cor da roupa usada no réveillon trará, sempre
buscamos – e necessitamos – transferir uma carga da responsabilidade a algo que não temos controle.
“A culpa não é minha.” “Eu não tive o que fazer.” “Fiz o que pude.”
E em muitos casos terá feito mesmo. Em muitos casos não haveria mais o que se fazer além de tudo que você tentou.
Ele escapou. O juiz determinou a soltura. Mesmo com todos os exames de rotina, você adoeceu. O pênalti foi para fora.
A vida não está nem aí para o teu planejamento. E ela nem sequer tem um. Quantas coisas ótimas e sem planejamento já te aconteceram?
Se planeje. Se prepare e faça sempre o seu melhor. Inclusive com o que te acontecer de volta. Todo planejamento é importante e fundamental. Mas, tão importante quanto segui-lo é saber o que fazer quando ele não der certo.
E nessa hora que realmente se vive.
