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Cão-guia x pessoas com deficiência visual: o déficit alarmante no Brasil

26/05/2020
Cão-guia x pessoas com deficiência visual: o déficit alarmante no Brasil | Jornal da Orla

No mundo, estima-se que a cegueira afeta mais de 39 milhões de pessoas e 246 milhões tem perda moderada ou severa de visão, segundo dados da OMS (Organização Mundial da Saúde). No Brasil existem mais de 6,5 milhões de pessoas com deficiência visual, sendo 582 mil cegas e 6 milhões com baixa visão, segundo o último censo do IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística). Porém, o número de cães-guia em relação ao de pessoas com deficiência visual é extremamente baixo: existem menos de 200 cães no Brasil.

Apesar de ser uma necessidade não atendida, a relação entre pessoas cegas ou pessoas com baixa visão e cães-guias não é novidade: o primeiro registro conhecido é uma gravura presente nas ruínas romanas do século I da cidade de Heculaneum, na Idade Média.

Mas, o que causa o número reduzido? A ausência da cultura do cão-guia, motivada por algumas questões como o baixo investimento para o treinamento dos animais, é o principal fator de contribuição para o índice, mas a complexidade da formação do animal também pode ser um agravante.

Em locais como Brasil, Estados Unidos e Europa, leis garantem o direito da pessoa com deficiência visual de ingressar e de permanecer com o cão em todos os meios de transporte e em estabelecimentos abertos ao público e de uso privados de uso coletivo- Lei  Nº 11.126, de 27 de junho de 2005 – fato esse considerado um avanço, mas que ainda assim frequentemente se depara com a falta de conhecimento e cumprimento da legislação.

Extensão do próprio corpo, o cão-guia pode mudar a vida da pessoa com deficiência visual. Segundo Murilo, estudante de Direito e usuário de cão-guia treinado pelo Instituto Magnus, além de dar mais autonomia e segurança para circular pela cidade, o cão também melhora a autoestima “A gente se sente confiante, se sente seguro sabendo que o cão vai desviar de qualquer obstáculo”, afirma.

Como mudar essa realidade? 
A disseminação da informação é o primeiro passo. Com o conhecimento da causa, a sociedade fica mais preparada para receber o cão-guia, seja como família socializadora participando diretamente do treinamento do cão na fase de socialização ou passando a informação para que as pessoas com deficiência visual procurem pelo serviço de entidades especializadas.

O Instituto Magnus é uma das instituições brasileiras que desde 2016 treina e doa os cães-guias às pessoas com deficiência visual que se enquadram nos requisitos necessários. Para 2020, está prevista a entrega de mais 18 cães-guias e esse número tende a crescer, pois a capacidade do Centro de Treinamento é de entregar 60 cães por ano.

O treinamento do cão-guia é extenso e complexo, e o aumento constante da fila de espera da instituição só prova que a pessoa com deficiência visual está, cada vez mais, em busca de uma melhor qualidade de vida e independência, por isso, o Instituto Magnus trabalha constantemente para treinar os cães diminuir essa diferença alarmante no Brasil.