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O conteúdo que você consome, te consome ou te alimenta?

09/07/2020
O conteúdo que você consome, te consome ou te alimenta? | Jornal da Orla

Somos o segundo país do mundo que mais usa a internet. Estudos mostram que o brasileiro fica, em média, 9h20 por dia conectado.

 

E quando olhamos mais de perto, percebemos gerações que cresceram sem televisão em casa, dividindo o Wi-Fi com aqueles que não sabem o que é viver em um mundo que não esteja conectado a tudo.

 

A senhora da década de 50 usa seu celular no metrô de São Paulo para falar com os parentes do interior. O menino de 18 anos aproveita o mesmo trajeto para, através das poucas polegadas da sua tela, acessar estudos e trabalhos de uma famosa biblioteca londrina e assim se preparar melhor para o vestibular.

 

Mas a pergunta retórica é simples: o conteúdo que você consome, te consome ou te alimenta?

 

Sempre vimos o mundo através de uma janela. No fundo das cavernas, a janela era a entrada (ou saída).

 

Da janela do trem, o jovem interiorano, acompanhava o caminho, vindo para a capital. Entre a paisagem que passava correndo ao lado de sua poltrona, desenhava os sonhos, os desejos. Alimentava e já enfrentava os medos.

 

Debruçada na janela do seu pequeno quarto, em algum edifício, ela buscou imaginar como seria o dia, como seria o mês. O que seria do futuro? E se preparou para ele.

 

Essas janelas foram mudando, ganhando novos contornos, novas paisagens, novos horizontes. 

 

As janelas diminuíram de tamanho e ampliaram de profundidade. Com poucos centímetros de LCD é possível atravessar continentes, mergulhar nos oceanos, subir aos céus e ultrapassar as barreiras invisíveis da atmosfera.

 

Como é possível também não sair do lugar. Permanecer imóvel, estático. A única coisa que passa pela janela sem que se perceba é o tempo. Este vai continuar passando na mesma velocidade.

 

A pequena janela que nos faz viajar mais longe, inclusive no tempo, não consegue impedi-lo de passar. E o tempo que você passou olhando por ela, este não é possível dobrar e reaproveitar.

 

A maior mudança nestes últimos séculos não está simplesmente em se passar mais tempo na janela e sim, para onde ela aponta.

 

O lugar comum é apontar e dizer que a sociedade mudou. Comum e óbvio. Mudou e vai continuar mudando. Se para melhor ou para pior, vai depender muito mais do que você fizer com a mudança.

 

A quantidade e a qualidade das informações que temos à nossa disposição é infinita.

 

E ainda invertemos a ordem. Agora somos nós quem decidimos o que queremos receber. A grande questão é com o que você gasta tanto tempo nos conteúdos que consome.

 

Isso aqui é um acelerador do tempo, amigo. Você entra para olhar um e-mail e… já faz 84 anos.

 

E tempo é o único bem valioso que todos temos na mesma quantidade.