Criar e Construir

Um mercado dentro de casa. Quase.

10/07/2020
Um mercado dentro de casa. Quase. | Jornal da Orla

Uma tendência que vem crescendo no setor imobiliário brasileiro é a do condomínio autossuficiente. Muitos lançamentos em Santos e outras cidades da região, por exemplo, incluem um cinema próprio, uma academia de ginástica, novos conceitos em salões para festas (tanto as de caráter mais formal como aquelas mais descontraídas junto a uma churrasqueira), áreas para jogos e todas as demais dependências de um clube social bem completo. 

Em outras edificações, ocorre de os moradores combinarem na assembleia condominial a instalação de máquinas dispensadoras de refrigerantes e cervejas, entre outras comodidades, que os dispensem de ter de sair do prédio para obter produtos e serviços mesmo nas ruas próximas. Além da comodidade, há o aspecto da segurança, em meio à violência crescente nas ruas.

No início deste século, já existiam estabelecimentos comerciais de olho nesse filão de mercado, como farmácias, bancos, lojas de conveniência e profissionais de diversos segmentos de serviços, interessados em fidelizar clientes pela facilidade de acesso. Havia já então até a possibilidade de os condomínios obterem uma renda extra desses contratos, mantendo ainda assim a atratividade dos preços oferecidos.

Agora, com a necessidade do confinamento social gerada pela pandemia do Covid-19, o que já era uma tendência forte está se ampliando, em paralelo com os serviços de entrega em domicílio.

Um desses negócios que começa a ser divulgado agora é o Mercadomínio, que já opera num condomínio paulistano com 448 unidades residenciais, totalizando cerca de 1.500 moradores. A ‘startup’ nasceu em outubro de 2018, a partir de um pequeno mercado de bairro (mantido por uma família há 50 anos) e durante a pandemia está aumentando a média mensal de faturamento em 27%, como explica o diretor executivo Giovani Grignani.

Viabilização – A instalação do Mercadomínio foi feita em uma área construída de 190 m² que servia antes como depósito de produtos sem uso e passou a gerar uma pequena receita de aluguel para o condomínio. Ali, são oferecidos 5.600 produtos, entre alimentos, bebidas, artigos de higiene e limpeza, além de itens frescos, como pães, carne moída na hora, frutas, verduras e legumes, com preços iguais aos dos mercados tradicionais. 

“Somos um mercado convencional, a diferença é que estamos no quintal do condomínio e, em razão disso, conhecemos o perfil dos moradores, o que possibilita personalizar o atendimento, mas com o mesmo preço de mercados de rede”, destaca Giovani.

Ele ressalta ainda que neste sistema o comprador não precisa esperar pela entrega, contando sempre com produtos frescos e na temperatura certa. Pode inclusive reduzir a estocagem doméstica e deixar de se preocupar com o prazo de validade ou com a falta de algum ingrediente para o prato que está sendo preparado.

São empregados oito funcionários, divididos nos turnos da manhã e da tarde: o estabelecimento funciona de segunda a sábado, das 7 às 21 horas, e aos domingos e feriados, das 8 às 15 horas. Durante a pandemia, as pessoas de grupo de maior risco podem fazer os pedidos e a entrega é feita na porta do cliente. E já está nos planos testar a instalação de um caixa de autoatendimento, que funcione 24 horas.

Soluções assim devem começar a ser consideradas pelos projetistas e construtores, nos novos projetos, avançando a oferta de comodidades para além do clube completo, agora para o atendimento de outras necessidades mais práticas do cotidiano. Fica a dica, isso é só o começo.
 

Estabelecimento oferece 5.600 produtos, ajustados ao perfil dos moradores
 

Mercadomínio nasceu como startup, em outubro de 2018
 

Variedade faz com que os moradores encontrem ali tudo de que precisam