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AMIA, 26 anos de total impunidade

16/07/2020
AMIA, 26 anos de total impunidade | Jornal da Orla

AMIA, 26 anos de Total Impunidade 

 

“Havia um tabu como resultado do Holocausto que as pessoas respeitavam que o antissemitismo era uma coisa feia e deveria ser evitado.  Agora esse tabu parece ter sido quebrado com a impunidade.”

Steven Katz

Diretor do Centro Elie Wiesel de Estudos Judaicos

 

Devemos falar da impunidade. A impunidade é dar direito para que a desgraça continue acontecendo, é um salvo conduto para o mal.

 

Assim como o esquecimento. O judaísmo, há milhares de anos, nos educa contra o esquecimento, nos convida a lembrar e homenagear a memória de todos os que perdemos.

 

Às 10 horas da manhã de uma segunda-feira, em 18 de Julho de 1994, em Buenos Aires, um furgão explodiu com uma bomba diante de uma das maiores organizações judaicas da América do Sul. Foi um estrondo que levou as vidas de 85 pessoas e feriu aproximadamente 300.

 

A Associação Mutual Israelita Argentina foi pelos ares, como foram também pessoas que estavam nas proximidades.

Mais uma barbárie contra o judeu.

 

O país que foi leniente com a chegada de um enorme contingente de nazistas fugidos da Europa na Segunda Guerra Mundial, era agora o berço para ataques de terroristas fundamentalistas iranianos.

 

Durante estes 26 anos, soubemos muito bem quem foram os responsáveis por esses assassinatos. Membros do Irã e do Hezbolah planejaram e levaram a cabo o maior atentado terrorista de toda a história da Argentina.

 

Chegamos até a saber quem foram os responsáveis diretos da matança.

 

Porém, ah porém, a incompetência, ou falta de vontade, dos responsáveis pela investigação argentina e o conluio dos políticos do país com o Irã, em troca de vantagens financeiras, impediu a punição dos culpados.

 

Houve voltas e reviravoltas sobre o tema. Até que um determinado procurador, Alberto Nisman, por acaso judeu, resolveu indiciar a então máxima autoridade do país, Cristina Kirshner, por encobrir terroristas.

 

E, também, o procurador foi assassinado. Numa história mal contada de acobertamento, chegaram até a definir sua morte como suicídio.

 

Passaram 26 anos e ainda não vimos um final desta história macabra.

 

Até hoje, todos os que foram privados de seus pais, seus filhos, seus cônjuges, não podem chorar em paz seus mortos porque a justiça ainda não foi feita.

 

É uma mancha negra na história da Argentina e uma ferida dolorosa no coração de nosso povo.

 

Com a sabedoria contundente de nossa fé, nós judeus oferecemos a memória e a homenagem.

 

Com certeza, é um alento para quem vive a perda de seus queridos, mas a impunidade é ainda uma questão que habita suas almas. 

 

Mendy Tal
Cientista Político e Ativista Comunitário