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Ensinamentos de pai

08/08/2020
Ensinamentos de pai | Jornal da Orla

O pai e o filho trabalhavam a terra na qual plantavam toda sorte de alimentos, que garantiam a subsistência do pequeno grupo familiar.

O menino contava apenas 7 anos e sua responsabilidade era caminhar atrás do genitor, fechando os pequenos buracos que seu pai abria para depositar no solo fértil as sementes.

O pai, orgulhoso, observava o pequeno trabalhador quando esse o surpreendeu com uma pergunta cheia de avidez: 

-Papai, o que eu vou ser quando crescer?

O genitor, recorrendo à sabedoria que a vida lhe havia dado, ajoelhou-se e trouxe a criança para perto de si, dizendo-lhe:

-Vê, meu filho, estas sementes que trago comigo. Elas são todas iguais?

Prontamente, o menino respondeu: 

-Não papai, o senhor tem aí sementes de feijão, de milho e de ervilha.

-Muito bem! – Exclamou o pai, colocando algumas sementes nas mãos do menino. E, prosseguindo com o raciocínio, perguntou ainda à atenta criança:

-O que acontece quando eu planto a semente de milho no chão? 

O filho respondeu: -Ora papai, vai nascer um pé de milho.

-E quando planto a semente de feijão? -insistiu o pai.

-Vai nascer um pé de feijão – informou o menino, sorrindo para o pai.

Ficando de pé e erguendo a criança em seus braços, o sábio trabalhador explicou ao rebento: 

-Para cada planta, há apenas uma espécie de semente. Por isso, para colhermos milho, é necessário que primeiro plantemos a semente do milho. Para que colhamos feijão, é preciso plantar a semente do feijão e assim por diante.

-Nossas vidas – prosseguiu o pai – são feitas de um eterno plantar e de um eterno colher: hoje, plantamos as sementes daquilo que vamos colher em nosso futuro. Da mesma forma, colhemos aquilo que plantamos em nosso passado.

-Você pode ser tudo aquilo que quiser ser, meu filho, desde que procure plantar as sementes corretas no campo da vida.

Surpresa com a lição que acabara de receber, a criança fez ainda uma última pergunta ao amoroso instrutor: 

-E quais são as sementes corretas, papai?

O pai, fitando o sol poente que, aos poucos, ia se despedindo no horizonte, respondeu ao pequeno:

-A semente da caridade, pois que todos somos irmãos, responsáveis, portanto, uns pelos outros.

-A semente do perdão que nos faz recordar que todos somos aprendizes, ora acertando, ora errando e, por isso, necessitados na mesma medida, de perdoarmos e de sermos perdoados. 

-A semente da esperança que nos dá a certeza de que nossos esforços nunca são vãos.

-A semente da fé que traz o Pai Criador para dentro de nossos corações, da mesma forma como todos nós estamos no coração dEle.

-E, finalmente, a mais importante de todas: a semente do amor, que nos proporciona luz em nossa caminhada, ainda que, muitas vezes, a noite se adense e a jornada se torne difícil.

Encerrando o singelo, porém nobre ensinamento, ambos se abraçaram e foram em direção à modesta casa que servia de abrigo para a harmoniosa família.

No silêncio dos passos, o pai sabia que a criança que agora se distraía arremessando pedrinhas para longe não havia entendido de todo a profundidade das palavras que acabara de ouvir. Faltava-lhe ainda a maturidade que só a vida é capaz de fornecer.

Entretanto, com toda simplicidade que lhe era peculiar, o pai estava feliz, pois sabia que ali, no entardecer daquele abençoado dia, uma semente havia sido plantada.

Uma semente capaz de gerar bons frutos por toda a eternidade.
 

[com base na Redação do Momento Espírita]

 

PAZ, SAÚDE E PROSPERIDADE