Comportamento

Gerencie seu tempo sem atropelos

08/08/2020
Gerencie seu tempo sem atropelos | Jornal da Orla

Antes da pandemia, as pessoas reclamavam que “não tinham tempo” para cumprir os compromissos que elas mesmas havia atribuído a si. No entanto, com o avanço do novo coronavírus e, consequentemente, a redução das atividades econômicas, o problema persistiu. Apesar de aparentemente haver mais tempo disponível, muita gente tem a percepção de que “o dia não rende”.

 

O grande vilão
O especialista em gestão de tempo e produtividade Christian Barbosa explica que o principal vilão desta história é a própria pessoa. “O maior ladrão de tempo somos nós mesmos”, resume. “O ser humano tem uma capacidade incrível de desperdiçar o tempo. Antes da pandemia, as pessoas reclamavam que a vida estava corrida e não tinham tempo para nada. Na pandemia, continuam falando a mesma coisa porque, mesmo que estejam com mais tempo, elas conseguiram achar coisas para dispersar completamente seu tempo”, argumenta.

 

Foco no importante
Segundo Christian, é preciso identificar o que realmente é importante. “A pessoa foca em muitas coisas e quando vê acaba não fazendo nada. É preciso saber se você está só ocupado ou ocupado com coisas que estão gerando resultados. Por exemplo, assistir uma Live apenas porque gosta da pessoa ou porque aquilo que ela diz vai ajudar em alguma coisa. Caso contrário, será um desperdício. 

 

Tecnologia
Apesar de numa primeira análise ser considerada uma aliada, a tecnologia pode prejudicar a produtividade. “Por exemplo, o uso de redes sociais, as pessoas ficam trocando vídeozinho em grupo de whatsapp a todo momento”, alerta Barbosa. “Outro ladrão são as reuniões virtuais, as pessoas estão abusando disso. Normalmente, dá para falar em 40 minutos o que você falaria em uma hora. Eu tenho uma máxima de que, se não vai agregar informação ou não vai tomar uma decisão, você não deve participar de uma reunião”. 

 

Ferramenta de trabalho
O especialista orienta a focar em sua ferramenta de trabalho e tirar todas as outras da sua frente. “Caso contrário, vai ficar um pula-pula de mensagens. Aí você acha que trabalhou 10 horas, mas efetivamente foram apenas quatro horas”, adverte.

Christian Barbosa alerta para a capacidade do uso do WhatsApp dispersar a atenção. “Eu raramente uso WhatsApp, as pessoas ficam mandando mensagens direto, se eu for responder imediatamente vai me interromper a todo momento. Se for urgente, a pessoa vai me ligar ou a informação vai chegar para mim por um terceiro, por e-mail ou pelas ferramentas de trabalho que a gente usa. Se for uma coisa que pode esperar, vai ficar ali, vou atender no momento certo. É claro que se é um vendedor, ele vive de whatsapp, os seus clientes fazem pedido pelo whatsapp, já é um pouquinho diferente. Mas porque o whatsapp é a ferramenta de trabalho dele.  É preciso focar na sua ferramenta de trabalho”.

 

Tríade do tempo
Para ajudar a explicar como gerenciar o tempo, Christian Barbosa criou a Tríade do Tempo, classificando as tarefas em três categorias: urgente, importante e circunstancial. “Urgentes são as coisas imediatas, onde você tem estresse, correria. Importantes são as que têm prazo para acontecer, coisas positivas. E as circunstanciais são as que estão desperdiçando o seu tempo, jogando seu tempo no lixo literalmente. 

“A gente não consegue gerenciar o que não consegue medir. Então se não entende como está usando seu tempo hoje, como quer melhorar?”, questiona. Para ajudar a diagnosticar o tamanho do problema, Barbosa elaborou um teste, disponível em www.triadedotempo.com.br/TesteTriade

 

Retomada da atividade
Christian Barbosa acredita que um dos efeitos colaterais da pandemia, na esfera da produtividade, é mudança de comportamento dos empreendedores. “Isso vai passar, mas se você entrou de um jeito e vai sair do mesmo jeito, você é muito incompetente. Tem que se desenvolver, criar novas novos talentos, novas ideias, estratégias”, explica.

 

Vida digital
Ele destaca a necessidade de se adaptar ao chamado mundo digital. “É onipresente. Se você hoje não tem a sua empresa, seu produto, digital você está morto ou já quebrou e não te avisaram”, alerta. “O consumidor está digital. A pandemia o fez repensar seu consumo, não está comprando tanto quando comprava, nem as mesmas marcas. Muitas vezes está segurando a decisão de compra por vários fatores”, completa. 

 

Valor
Segundo ele, o empreendedor terá que agregar muito mais valor ao seu produto. “Aumentou a infidelidade do consumidor, hoje num clique ele troca de fornecedor”.

 

Estratégias
Christian Barbosa explica que o consumidor compra um produto ou serviço porque quer resolver algo na vida dele. “O primeiro passo é perguntar como você pode ajudar. O segundo ponto é olhar para parceiros laterais, alguém que era concorrente ontem mas hoje também está sofrendo dificuldades. Os dois juntos podem começar a criar um produto novo, negociar com fornecedores. Uma terceira coisa é estar digital, pensar como se aproximar do consumidor usando as tecnologias”.

 

Negócio local
Barbosa destaca iniciativas como o portal Comprar em Santos. “Ele permite que o pequeno empreendedor que ainda não está na internet comece a se posicionar. Está tendo bastante acesso, os comerciantes conseguem cadastrar suas lojas e produtos, de uma forma muito simples, e os consumidores conseguem achar”.