Comportamento

chr39Criança não namorachr39, alerta educadora

22/08/2020
chr39Criança não namorachr39, alerta educadora | Jornal da Orla

"A criança precisa saber sobre o seu corpo e como se proteger desde cedo". A afirmação é da psicopedagoga e escritora Christiane Andrea, referência em educação sexual e prevenção da violência sexual infantojuvenil. Autora do livro "Vamos conversar", em que ajuda pais e professores a abordarem o assunto de forma lúdica e informativa, ela conversou por WhatsApp com a jornalista Bárbara Camargo. Confira a entrevista:

 

 

Jornal da Orla – É pesaroso abordar casos de violência sexual infantil, mas, infelizmente, muitas crianças ainda passam por isso. Quando é importante iniciar a educação sexual? Com qual idade, em casa ou na escola?

Christiane Andrea – A sexualidade deve ser tratada de forma natural desde sempre na vida de uma criança. A educação sexual é diaria e gradativa, de acordo com a faixa etária da criança e deve iniciar em casa. Cabe aos pais orientar as crianças sobre pequenas coisas que podem acontecer quando não estiverem por perto. 

 

As pessoas acham que educação sexual é ensinar sobre sexo. Está muito além disso! A criança precisa saber sobre o seu corpo e como se proteger desde cedo. Ensinar os nomes das partes íntimas e que ninguém deve tocá-las pode ser ensinado no banho durante uma brincadeira. Deve ser lúdico e divertido. 

Devemos falar que criança NÃO namora, ensiná-las a não aceitar carinhos indesejados e que não se deve ter segredo com os pais. 

 

Mas é preciso dialogar com as crianças para se passar confiança. Elas têm medo de contar quando algo acontece por que não se estabeleceu essa confiança. Não é dizer todo dia: "se acontecer alguma coisa você tem que contar para a mamãe ou o papai". É dar espaço para a crianca perguntar, ser ouvida e sentir se à vontade de falar sobre qualquer coisa. Alguns livros ajudam aos pais a iniciar essas conversar com os pequenos. 

 

Já a escola tem a obrigação de complementar essa iniciação que começou em casa, trazendo os conceitos, os conhecimentos e a responsabilidade da sexualidade.

 

JO- A senhora falou sobre os deveres dos pais e das escolas na educação sexual infantil. Na sua opinião, o que deve ser dever do Estado?

Christiane Andrea – Quanto aos deveres do Estado, a educação sexual está ligada à promoção dos Direitos Humanos. Cabe ao Estado incluir nos curriculos escolares  a disciplina e os temas em sexualidade para  promover uma educação integral do indivíduo. Contratar especialistas na área para ministrar essas aulas e preparar os educadores para assumirem uma postura imparcial, sem preconceitos para trabalhar estes temas no dia a dia dos alunos. 

Assim, estaria garantindo o direito social dessas crianças como está previsto no Estatuto da Criança e Do Adolescente, que assegura o aprendizado correto e preventivo sobre a sua sexualidade.

 

JO- Quais medidas a senhora aponta que devem ser tomadas, tanto pela família como pela rede de saúde/assistência social?
Christiane Andrea –
Nós temos um fluxo de atendimento a vítimas de violencia determinado pela rede. Cada cidade funciona de uma forma. Cada equipamento é responsavel por garantir o atendimento, a proteção e o sigilo da vitima. E todos esses equipamentos devem se conversar para o sucesso desses atendimentos. À família cabe denunciar ao conselho tutelar e à delegacia da mulher. Mas nem sempre isso é possivel, nem sempre acontece. No caso do agressor de ser da família fica ainda mais difícil, pois envolve outras coisas como dependência financeira, psicológica e violência.

Sugestão de leitura sobre o tema: 


Livro Vamos conversar? – Sobre violência infantil, de Christiane Andrea

Venda: https://pag.ae/7VDWibY9p