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Entre e, por favor, repare a bagunça.

14/09/2020
Entre e, por favor, repare a bagunça. | Jornal da Orla

Cabe um pequeno prólogo: este foi o primeiro texto que escrevi quando decidi criar um blog, antes de ter esta coluna no jornal. Me peguei relendo-o outro dia e sentindo nostalgia das lembranças. O silêncio dos últimos meses é extremamente mais barulhento do que quando a casa estava cheia.

 

“Casa arrumada é uma casa triste.”

Mário Sérgio Cortella

 

Isso explica muita coisa. Aqui as pessoas deixam o calçado logo na porta, puxam a cadeira onde acharem melhor e já logo se acomodam. Sentam-se com o pé no sofá e se faltar espaço, vão pro tapete.

 

Não liga para os pelos na roupa. É que aqui os cachorros ficam livres pela casa. Aliás, se apertem um pouco mais aí no sofá, que esse é o cantinho deles.

 

A toalha da mesa vive manchada de vinho. Sinal que aqui a gente bebe e se diverte. Vira e mexe uma taça se quebra. Fazer o que? É o jeito alegre e efusivo que a gente tem de falar. De vez em quando a mão encontra um copo mesmo. Não para o brinde, mas para derrubar. Faz parte.

 

O interfone já nem toca mais para avisar que estão subindo. É todo mundo de casa. Quer dizer, isso quando a gente não ultrapassa um pouco o limite. Aí ele toca mesmo.

 

Amigo, aqui as risadas são altas mesmo. A cantoria também. Entendo que já passou da meia-noite. Você tem razão. Vamos nos controlar. É que a felicidade fala mais alto.
Pronto, deu sono em alguém ali. Encosta no sofá, ajeita uma almofada e puxa um cochilo.

 

Às vezes olho para as paredes e acho que preciso pintá-las. Tem uns rodapés que estão descascados também e os espelhos do banheiro já preciso trocar.
Como se não bastassem as garrafas pela casa, tem uma semana que esqueceram uma chopeira e um barril (vazio, óbvio) na minha varanda. 

 

Ainda vou arrumar tudo isso. Juro. Mas agora vou ficar aqui olhando mais um pouco essa bagunça. Só para sentir como essa casa ficou melhor depois que vocês passaram por aqui.
Voltem sempre.