Na terça-feira (1º), Dia Mundial de Luta contra a Aids, a assinatura da Declaração de Paris completará seis anos. Trata-se de um protocolo de intenções assumido por 180 países, com o objetivo de acabar com a epidemia de Aids até 2030. Na ocasião, foi estabelecida uma meta intermediária, que, infelizmente, na maioria dos países não foi alcançada.
A meta 90-90-90 prevê que, até o fim deste ano, 90% de todas as pessoas com HIV saibam ter o vírus; 90% destas receberem terapia antirretroviral; e 90% das pessoas com acesso a este tratamento possuam carga viral indetectável e não mais possam transmitir o vírus.
Apesar de, no Brasil, o número de mortes ter caído 22,8% em cinco anos (de 12,5 mil em 2014 para 10,9 mil em 2018), ainda há muita gente que desconhece portar o HIV: são cerca de 135 mil (15%) dos estimados 900 mil brasileiros que possuem o vírus.
Segundo o Departamento de Doenças de Condições Crônicas e Infecções Sexualmente Transmissíveis (DCCI), do Ministério da Saúde, há três grupos populacionais que merecem atenção especial: homens que fazem sexo com homens, onde a prevalência de HIV é de cerca de 12%; trabalhadoras do sexo (6%); dependentes de álcool e outras drogas (5%).
O índice de prevalência de casos de HIV nestes grupos é bem superior ao da população geral (0,4%).
Prevenção e tratamento
O Ministério da Saúde destaca que o uso do preservativo ainda é a maneira mais eficaz de evitar o contágio.
Diversas estratégias vem sendo adotadas para combater o avanço da doença, como a distribuição gratuita de camisinhas (apenas em 2020 foram 570 milhões de unidades), o aumento do número de testes (principalmente os chamados testes rápidos), terapias pré e pós exposição ao vírus; além do tratamento com medicamentos antirretrovirais.
Na boca, sinais que podem indicar Aids
É na boca onde aparecem os primeiros sinais indicando que a pessoa desenvolveu Aids. Por conta da queda na imunidade, começam a surgir as chamadas manifestações oportunistas, infecções provocadas por fungos vírus ou bactérias.
Elas podem ocorrer em todo o organismo, mas na boca ficam explícitas. Uma das mais comuns é a candidíase, popularmente conhecida como “sapinho”, que ocorre em decorrência da proliferação exagerada do fungo Candida albicans.
Presente de forma natural no organismo de pessoas saudáveis, o fungo cresce de forma descontrolada quando há queda de imunidade, levando ao aparecimento de lesões esbranquiçadas na língua e no interior da boca.
Outra manifestação oportunista é a leucoplasia pilosa, que se caracteriza pelo surgimento de placas brancas na borda lateral da língua e que não se consegue eliminar com a escova de dentes. Também deve-se ficar alerta para problemas persistentes nas gengivas.
A dentista Karem Ortega, do Conselho Regional de Odontologia de São Paulo (CROSP), alerta que, no entanto, não é motivo para desespero.
Segundo ela, é preciso estar atento a problemas persistentes. “As doenças oportunistas que podem aparecer na boca somente se instalam se o paciente tiver a sua imunidade diminuída”, explica, acrescentando que, assim, é fundamental realizar o teste de detecção de HIV o quanto antes.