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Deborah, a Mulher Judia, Profetiza e Juíza

08/03/2021
Deborah, a Mulher Judia, Profetiza e Juíza | Jornal da Orla

Embora saibamos que muito se deve às mulheres para que consigam seus direitos de igualdade em um sem número de instâncias, podemos aproveitar a data para homenagear uma das grandes mulheres da Torá, que alcançou notoriedade numa época em que as mulheres eram praticamente silenciadas.

 

A maioria das grandes mulheres da Bíblia é casada com um grande homem ou parente de um. Por exemplo, Sara é principalmente conhecida como esposa de Abraão e Miriam como irmã de Moisés. Até Esther, que salva o povo judeu da tentativa de genocídio de Haman, é guiada por seu conselheiro e primo Mordechai. 
 

Uma rara exceção a essa tradição é a profetiza e juíza Deborah, talvez a maior figura feminina da Torá.

 
Deborah se baseia exclusivamente em seus próprios méritos. Ela liderou Israel naquela época”, é como a Torá registra. 

 
Deborah é, de fato, singular por ser a única mulher na Torá com poder político substancial que é retratada positivamente. E ela é possivelmente a única personagem elogiada por seus talentos militares, proféticos e artísticos.

 
Em uma época desordenada e violenta, enquanto Israel lutava por terras e sobrevivência, Deborah foi chamada – e deu um passo à frente – para ajudar seu povo.

 
Deborah foi uma das maiores juízas (ou seja, líderes carismáticos, em vez de figuras jurídicas) na história de como Israel conquista a terra de Canaã.

 
Deborah é uma profetiza, alguém que fala com autoridade divina, e ela é uma mulher lapidote. 

Eshet lapidot pode ser traduzido como "esposa de Lapidot", mas também significa "mulher das tochas". 

 
Ela fazia seus julgamentos sob uma tamareira entre Ramá, Benjamim e Betel na terra de Efraim. 

 
O registro desta mulher na Torá começa quando Israel é oprimido por Yavin, rei de Hazor. 

 
Na Bíblia Hebraica, depois que os israelitas foram libertados do Egito, vagaram pelo deserto por 40 anos e finalmente entraram e capturaram a Terra Prometida, houve um longo período de tempo durante o qual não houve governo centralizado – e nenhum rei.

 
Durante esse vácuo de poder, vários juízes – líderes temporários – conduziram Israel em tempos de crise. Deborah – que data talvez de meados do século 13 c. ACE, há mais de 3.200 anos – foi a quarta e um dos mais famosos desses juízes.
 

Ela é chamada de profetiza pela maneira à qual Deus ordenou que ela começasse a batalha contra Jabim, o rei cananeu de Hazor, e seu general, Sísera.
 

Deborah convoca Barak para ser o general dos Israelitas, transmitindo a ordem de Deus para levar dez mil homens ao Monte Tabor para começar a batalha. 

 
Quando o general responde que só irá se ela for, ela concorda em ir, mas informa que Barak não terá glória com a vitória, pois "Adonai entregará Sísera nas mãos de uma mulher”.

 
Deborah e Barak, junto com sua infantaria, escalam o Monte Tabor e, em seguida, investem contra o poder cananeu, derrotando a força de carruagens de ferro de Sísera. 

 
Ela própria não participa da batalha. Como Moisés, Deborah não é comandante de batalha. Seu papel é inspirar, prever e comemorar na música. Sua arma é a palavra, e seu próprio nome é um anagrama de “ela falou” (dibberah). 

 
A batalha em si não é essencial. É importante apenas lembrar que Deus lutou: Deus afligiu Sísera. Deborah anunciou a vitória de Deus, Barak a facilitou e Deus salvou Israel. 

 
A Canção de Deborah fornece um vislumbre de como Deus derrotou o líder de Canaã: Deus trouxe uma inundação repentina que fez um pântano de lama deslizante no qual as carruagens eram inúteis.
 

 

Tanto a história quanto a Canção de Deborah, que aparece no Livro 5 dos Juízes enfatizam o fato de que Deborah é uma mulher. A história nos conta que ela era uma profetiza-mulher, acrescentando a palavra "mulher", ishah, quando o substantivo feminino "profetiza", nebi'ah, já transmite essa informação. 

 
A Canção de Deborah enfatiza que Deborah foi uma “mãe em Israel”. A feminilidade não é oculta nem acidental: é parte integrante da história. A maternidade desta “Mãe de Israel” vai além da biologia. 

 

 
Descreve seu papel como conselheira durante os dias anteriores à guerra e indica seu papel na preservação da herança de Israel, no caso dela, aconselhando em batalha.

 
O sentido mais completo de Deborah como mãe é revelado em seu nome, que não é apenas um anagrama de “ela falou”; também é um substantivo que significa "abelha". Como a abelha rainha, ela levanta o enxame para a batalha, enviando os zangões para proteger a colmeia e conquistar novos territórios.

 
Um fato curioso é que o “número de Deborah” é um conceito da Física que quantifica a observação de que mesmo materiais sólidos fluem por longos períodos de tempo. 
 

O termo foi cunhado pelo cientista israelense, que observou que Deborah cantou: “As montanhas correram diante do Senhor”.

 
O acadêmico atribuiu a Deborah o insight de que as montanhas não fluem diante do homem, mas apenas diante de Deus, cujo tempo de observação é infinito.

 

 
Sim, ainda temos um enorme caminho para garantir os direitos da mulher, mas também temos o conforto de ver as realizações de Deborah em nossa história.