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Diário de uma enfermeira

27/03/2021
Diário de uma enfermeira | Jornal da Orla

Giselda se sentiu realizada ao ingressar no curso de enfermagem.

No sorteio para determinar o local do estágio, percebeu que o posto para onde iria era muito distante.

Não importava, ela queria mesmo era ser uma enfermeira qualificada e fazer o melhor que pudesse.

Decidira observar bem as ocorrências, preparar um diário, pois sabia ser importante ter tudo anotado para rever mais tarde.

Seu primeiro dia foi inigualável. Ela se viu mergulhada num mundo de necessidades de toda ordem, jamais imaginadas.

E as páginas do seu diário registraram as suas impressões.

“Neste dia, eu vi…!

Vi gestantes moradoras de rua chegarem envergonhadas pela sua higiene precária, e vi técnicos e enfermeiros ajudando-as a fazer uma higiene geral e caprichada.

Mais tarde, com seus bebês nos braços, essas mães agradeciam aos profissionais o fato de poderem estar limpinhas para amamentá-los.

Eu vi uma enfermeira fingir ser a mãe de uma senhora com Alzheimer, em seus piores dias, quando a mesma pedia perdão à sua mãe. Com um carinho indescritível, a enfermeira respondia que a perdoava e a amava muito. E vi a mais linda cena de gratidão no abraço entre essa "mãe e filha".

Eu vi técnicos de enfermagem completamente sujos de vômito segurando a cabecinha de uma criança, para que ela não se afogasse, enquanto sofria uma crise.

Eu vi enfermeiros levantarem um paciente com o dobro de seus pesos e darem banho nele, para que se sentisse melhor e mais refrescado.

Eu vi um natimorto ser pego pela enfermeira com extremo cuidado, lhe dar um banho quentinho, vestindo sua roupinha, ajeitando seu cabelinho, para que a mãe o visse limpo e bonito.

Vi enfermeiros buscarem servidores religiosos para oferecerem conforto aos seus fiéis "in extremis".

Vi um enfermeiro, na emergência, arriscar a própria segurança, se jogando para amparar um paciente que estava desmaiando, impedindo-o de cair ao chão e sofrer um possível traumatismo craniano.

Mas o que mais forte e claramente vi e senti, era o que ocorria no meu interior.

Eu me vi, várias vezes, nesse dia, intimamente transportada para um mundo vivo, movimentado, diferente do que estava acostumada, e nem tinha vontade de retornar à rotina anterior.

Confesso que minha vontade naquele dia era arregaçar as mangas e entrar o quanto antes para aquela faina que me apaixonava.

Um labor que me arrancava da minha indiferença frente à realidade vazia lá de fora e me fazia sentir uma imensa vontade de integrar aquela equipe.

Perdoem-me a pouca modéstia, mas se existe profissão mais humana e honrada que a enfermagem, eu desconheço”.

…………..passaram-se os anos.

Reencontrando seu diário, a enfermeira se emocionou ao ler seu conteúdo.

Como houvesse algumas linhas em branco, não resistiu e anotou:

“Assim que comecei a me dedicar à minha escolhida profissão, senti que houvera renascido dentro da vida que tinha.

Se antes sonhava em ser e fazer, depois eu fui e fiz!

Hoje, aposentada, cansada, agradeço ao Grande Arquiteto do Universo por ter sido uma enfermeira que nunca fugiu da luta.

Deus abençoe todos os servidores da saúde.

[com base na Redação do Momento Espírita]

O texto desta semana, é uma homenagem aos heróis da área da saúde que, apesar de exaustos nesse tempo de pandemia, nunca deixam de cuidar de quem precisa.

PAZ, SAÚDE E PROSPERIDADE