Economia

Fome é mais um efeito colateral da pandemia

03/04/2021
Fome é mais um efeito colateral da pandemia | Jornal da Orla

Além dos números de mortos e sequelados, por si só trágicos, a pandemia provoca outro efeito devastador: a crise econômica, que atinge de modo ainda mais dramático os mais pobres.

Há empresas sob risco de encerrarem as atividades, trabalhadores ameaçados de perder o emprego e autônomos com dificuldades de pagar as contas, mas já existe, neste momento, uma parcela gigantesca da população literalmente (não é força de expressão) sem ter o que comer.

Tudo resultado do fracasso no enfrentamento da pandemia: o ritmo da contaminação continua a todo o vapor, o que obriga a adoção de medidas restritivas mais radicais para evitar ainda mais mortes. 

 

Uma refeição por dia
Pesquisa realizada pelo Instituto Locomotiva em 76 favelas brasileiras revela que 68% dos moradores só conseguem fazer uma refeição por dia. E 82% deles só conseguem comer por conta de doações. E aí é que está mais um problema: a ajuda diminuiu, em grande parte porque quem estava ajudando os mais necessitados não está mais conseguindo. 

O presidente do Instituto Locomotiva e coordenador do estudo, Renato Meirelles, explica que os resultados das favelas pesquisas refletem a realidade dos chamados núcleos “subnormais” do país inteiro.

A situação, que já era ruim no ano passado, piorou com a interrupção do auxílio-emergencial. Ao mesmo tempo em que a pandemia exigiu a restrição da atividade econômica, as famílias mais necessitadas deixaram de ter um rendimento mínimo para até mesmo se alimentar. 

O auxílio-emergencial, que voltará a ser pago a partir de segunda-feira (6), mas o cenário não é nada animador. Ele será menor (dos R$ 600 passou para valores que vão de R$ 150 a R$ 375) e para menos pessoas (em 2020, foram 68 milhões, este ano serão 45,6 milhões). Portanto, o risco é, além do colapso sanitário, sofrermos um colapso falimentar.

 

Ajuda a quem precisa
Assim, além de enfrentar a pandemia do ponto de vista sanitário (uso de máscara e distanciamento interpessoal e medidas de higiene) é momento de o cidadão comum exercer a fraternidade — atitude mais oportuna de que nunca, ainda mais na Semana Santa.

Na quarta-feira (31), o Fundo Social de Solidariedade iniciou uma campanha para arrecadação de alimentos não perecíveis, cestas básicas e produtos de limpeza e higiene. As doações devem ser entregues nos 29 postos fixos de vacinação contra a covid-19. 

Outra iniciativa, que merece ser replicada, é a campanha do Instituto Arte no Dique, que busca arrecadar cestas básicas para atender mil famílias do Dique da Vila Gilda, núcleo com pessoas em extrema pobreza. Pode-se colaborar doando alimentos na sede da entidade (Rua Brigadeiro Faria Lima, 1349, jardim Rádio Clube) ou com dinheiro (Banco do Brasil, agência agência 6698-2, conta corrente 12.905-4, CNPJ – 07.269.609/0001-00).

A Prefeitura de Santos distribuiu cerca de 92 mil cestas básicas para famílias de alunos da rede municipal, pessoas em situação de risco social e profissionais de cultura, e pretende distribuir mais 26,4 mil cestas básicas até o fim do ano. Também criou um programa de auxílio-emergencial que inclui aulas de capacitação profissional e o pagamento de benefícios com parcelas mensais que variam de R$ 300 a R$ 500.