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Restrições reduzem casos, internações e mortes

10/04/2021
Restrições reduzem casos, internações e mortes | Jornal da Orla

Apesar de sacrificantes e, portanto, impopulares, as medidas de restrição determinadas pelas autoridades vêm demonstrando serem eficazes para conter o avanço da pandemia. 

O caso mais emblemático é o de Araraquara, município do interior paulista com 238 mil habitantes: após o prefeito Edinho Silva (PT) decretar lockdown (fechamento praticamente completo das atividades na cidade) durante 10 dias, o número de casos de Covid-19 caíram 47%, houve redução de 75% no número de mortes e a taxa de ocupação de leitos em UTI, que chegou a ter fila de espera, caiu para 90%. Dos 178 internados em leitos de enfermaria, 98 são de moradores de outras cidades.

Por outro lado, Bauru, onde a prefeita Suéllen Rosim (Patriota) impôs restrições mais leves, os números de casos, internações e mortes subiram. Na quarta-feira (7), Araraquara registrou a média de 11,9 mortes por 100 mil habitantes, nos últimos 14 dias, enquanto Bauru, a média foi de 26,4 mortes —mais do que o dobro.
Em Santos, onde o prefeito Rogério Santos (PSDB) também aumentou as restrições, o número de internados diminuiu (de 695, no dia 30, para 642, no dia 8) e a taxa de ocupação em leitos de UTI, que chegou a 92%, caiu para 89%.

 

Leitos de UTI lotados em Chapecó e presidente Bolsonaro discursando: água de coco na veia do ferido

 

 

Péssimo exemplo

Foto: Divulgação/Prefeitura de Chapecó

Em Chapecó, Santa Catarina, os números de internações e mortes por Covid-19 explodiram, após o início do ano, quando João Rodrigues (PSD) assumiu como prefeito, instituicionalizou a distribuição do kit-Covid e liberou o funcionamento de bares, restaurantes e eventos. O número de casos subiu de 941, em janeiro, para 5,5 mil em 5 de março; e o de mortes aumentou de 123 para 527. 

Pressionado, o prefeito decretou lockdown de 14 dias e os números melhoraram: 392 casos confirmados e o número diário de mortes caiu de 18 para 3.

Água de coco na veia

Na quarta-feira (7), o presidente Jair Bolsonaro visitou Chapecó, onde mais uma vez criticou as estratégias de restrição e enalteceu o uso do kit-covid. Em seu discurso, o líder máximo da nação disse o seguinte: “Se o paciente está com uma doença e não tem um medicamento específico, comprovado cientificamente, tem que buscar alternativa. Como na Guerra do Pacífico. O soldado chegava ferido e não tinha sangue para transfusão. Começou-se ali a injetar água de coco na veia do ferido. E deu certo! É uma realidade ou não é?”.

 

 

Santos teve recorde de mortes em 2020

Morreram 1.518 pessoas a mais em Santos entre março de 2020 e fevereiro deste ano, do que a média dos mesmos períodos desde 2003 — aumento de 37,3%. No total, foram 5.577 falecimentos, um recorde histórico.

É o que revela a compilação de dados dos cartórios de Registro Civil, feita pela Associação dos Registradores de Pessoas Naturais do Estado de São Paulo (Arpen-SP) . 

Já o estado de São Paulo fechou o “ano da pandemia” com um total de quase 370 mil mortos, número recorde desde o início da série histórica. O período de março de 2020 a fevereiro de 2021 totalizou 368.533 mortes, 99.071 falecimentos a mais do que a média dos mesmos períodos desde 2003.

Segundo a Arpen-SP, o número de óbitos registrados nos meses de 2021 ainda pode vir a aumentar, assim como a variação da média anual e do período, uma vez que os prazos para registros chegam a prever um intervalo de até 15 dias entre o falecimento e o lançamento do registro no Portal da Transparência.