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Novos parâmetros para definir hipertensão arterial

24/04/2021
Novos parâmetros para definir hipertensão arterial | Jornal da Orla

Quase a metade (45%) das mortes por doenças cardiovasculares está associada à hipertensão arterial, problema que afeta 25% dos brasileiros —após os 60 anos, este índice chega a 65%.

Com o objetivo de chamar a atenção para o tema, a Sociedade de Cardiologia do Estado de São Paulo promove uma campanha a partir de segunda-feira (26), Dia Nacional de Controle da Hipertensão Arterial.

Nas faixas etárias mais jovens, a pressão arterial (PA) é mais elevada entre homens, mas após os 60 anos são as mulheres as mais sujeitas à hipertensão arterial.

A importância em relação ao controle da PA fez com que os cardiologistas determinassem padrões mais rígidos em relação a aferição para classificar a hipertensão arterial. Era considerada hipertensa a pessoa com “máxima” (pressão sistólica) igual ou acima de 140 e mínima (diastólica) até 90 mmHg (≥14×9). 

“O novo parâmetro apresenta o indivíduo como pré-hipertenso com pressão máxima entre 13 e 13,9 e mínima entre 8,5 e 8,9. A pressão ideal agora é a que registra números abaixo de 12×8. As faixas entre 12 e 12,9 e 8 e 8,4 são consideradas normais, mas não ótimas. Aqueles que registram estes parâmetros nas medições em consultório, serão orientados a iniciar o controle”, esclarece o cardiologista Rui Póvoa, assessor científico da entidade.
 

Os pecados capitais

A hipertensão arterial tem uma relação direta entre o sedentarismo, sobrepeso e obesidade, dieta inadequada, ingestão de sódio e potássio, álcool e tabagismo, explica o cardiologista. 

 

Preguiça- O sedentarismo é um dos dez principais fatores para a mortalidade global, causando cerca de 3,2 milhões de óbitos/ano. “Os adultos são aconselhados a fazer 150 minutos de atividades físicas moderadas ou 75 minutos de exercícios mais vigorosos semanais. 

Os aeróbicos – caminhada, corrida, ciclismo ou natação – devem tomar 30 minutos diários, de cinco a sete dias por semana”, orienta o médico Rui Póvoa.

 

Gula- A obesidade e a gordura abdominal estão associadas ao aumento do risco de hipertensão. Por outro lado, a redução de peso promove a diminuição da pressão arterial, tanto naqueles com pressão normal como em hipertensos. 

Sal- O uso excessivo de sódio é apontado como o mais relevante para o desenvolvimento da doença. A recomendação da OMS é de apenas 5 gramas por dia, o equivalente a uma colher de chá, mas o brasileiro consome o dobro (cerca de 10 gramas/dia). “É preciso ficar atento aos rótulos dos alimentos processados, onde 80% do consumo diário de sal ocorre. A moderação do sódio é um eficiente meio de controle da hipertensão e das doenças cardiovasculares, sendo que o efeito redutor é maior em negros, idosos e diabéticos”, lembra Rui Póvoa.

Álcool- Já o consumo excessivo de bevida é responsável por até 30% dos casos de hipertensão arterial e a ingestão responsável deve ser limitada. No caso do tabagismo, a nicotina gera ativação do sistema nervoso simpático e provoca aumento da frequência cardíaca, da pressão arterial e da contração do músculo cardíaco.

 

Estresse- O cardiologista destaca também que os fatores psicossociais podem contribuir para a hipertensão arterial, assim como a espiritualidade. “Já há evidências científicas de que valores morais, emocionais, comportamentais, além de atitudes com relação aos estímulos sociais podem interferir benéfica ou maleficamente no controle da pressão”, explica.

 

Tratamento simples e eficiente
Segundo ele, o tratamento da hipertensão arterial é simples e eficaz, e envolve mudanças no estilo de vida e introdução de medicamentos anti-hipertensivos, que causam pouco ou nenhum efeito colateral.

 

“O maior problema é que a doença é assintomática e, em muitos casos, as pessoas não assimilam que precisam se tratar. Boa parte segue a vida e só toma uma atitude depois que a hipertensão já causou estragos, como um AVC ou infarto”, alerta.