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Infectologista acredita que não será necessário vacinar contra a covid-19 todos os anos

15/05/2021
Infectologista acredita que não será necessário vacinar contra a covid-19 todos os anos | Jornal da Orla

Além do ritmo de conta-gotas da vacinação no Brasil, há ainda outra preocupação: por conta das mutações do novo coronavírus, será preciso vacinar a população todos os anos?

O infectologista Fábio Mesquita, hoje atuando na Organização Mundial da Saúde (OMS) traça uma perspectiva otimista. Segundo ele, o histórico de outras epidemias provocadas por coronavírus indicam que não, mas só haverá uma resposta precisa após a conclusão de estudos científicos, que já estão sendo desenvolvidos. 

“Não tivemos tempo de analisar cientificamente as mutações, que impacto as vacinas terão. Saberemos disso num futuro próximo”, afirmou, ao participar do programa Ponto de Vista, na Santa Cecília TV. “A experiência com outros coronavírus não apontam para uma necessidade anual. O que a gente viu de outros coronavírus é um potencial de a cada cinco ou dez anos”, explica. 

 

Ciclos das epidemias
Fábio Mesquita acrescenta que são conhecidos sete tipos de coronavírus. Dois deles causaram epidemias muito sérias, a SARS, 21 anos atrás na Ásia, e a MERS, 13 anos atrás, no Oriente Médio. “Elas demoraram dois anos para seu ciclo e o intervalo entre uma e outra foi de 12 anos. Então, há uma expectativa que outros coronavírus possam aparecer num futuro próximo, mas aparentemente não será no ano que vem”. 

O infectologista alerta que, se a situação em países como Brasil e Índia permanecerem foram de controle, há o risco de haver mutação no vírus, o que vai exigir o desenvolvimento de novas vacinas . “É por isso que o mundo olha para o Brasil com enorme preocupação”, completa. 
 

Imunidade de rebanho: “estratégia do governo foi um desastre”
Mesquita avalia que a estratégia adotada pelo governo federal, de incentivar a população a ter contato com o vírus para desenvolver imunidade a ele, é completamente equivocada. “A imunidade de rebanho não funciona expondo as pessoas ao problema, e sim à solução. No caso da poliomielite ou sarampo, por exemplo, a gente nunca expõs as crianças ao vírus, mas sim à vacinas, à proteção”, explica.

O especialista acrescenta que a imunidade de rebanho só virá quando ao menos 70% da população possuir anticorpos contra o Sars Cov-2, e isso só ocorrerá com a vacinação. Mesquita lembra que o governo federal recusou vacinas da OMS, da Pfizer e de outros laboratórios. “O governo apostou que a imunidade de rebanho viria pela exposição pública e na contaminação das pessoas. Isso não existe em ciência. Essa estratégia foi um desastre”, avalia.