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Vamos passear?

12/06/2021
Vamos passear? | Jornal da Orla

Atualmente com as restrições para aglomeração temos que pensar duas vezes aonde ir. De preferência em lugares abertos, arejados, de modo que evitemos as aglomerações. Já vivemos momentos piores. Há um ano, quando não tínhamos ainda muito conhecimento científico sobre o Sars-Cov 2 e a Europa nos indicava um futuro dramático, conseguimos manter uma taxa de isolamento de 60%, que deveria ter sido maior em face à necessidade de bloquearmos a transmissão viral. Sem uma liderança nacional forte que estabelecesse medidas efetivas para oferecermos vacinação em massa e sustento emergencial para desempregados e desvalidos – um terço de nossa população que vive abaixo da miséria – o governo federal insistiu em uma conduta medicamentosa substitutiva à vacina e quase estamos perdendo o fio da história. Perdemos muitos de nossos amigos e entes queridos e essa conta ainda vai ser paga. Não sei a CPI – Comissão Parlamentar de Inquérito – terá força política para concluir por culpados. O fato é que a história é inexorável. Basta saber quem vai contá-la, as vítimas ou seu predadores.

Por todo esse tempo, ouvimos falar em “serviços essenciais” que poderiam manter-se em atividade. Compreensível e evidente. Incluindo aí as farmácias, desde que respeitando regras específicas como manter álcool em gel à disposição e permitir não mais que 40% da ocupação de suas lojas. 

Mas como temos em farmácias, não? Ou seriam drogarias? Parece que essas denominações – farmácia e drogaria – significam a mesma coisa, mas não é bem assim. Segundo o IDEC – Instituto Brasileiro de Defesa do Consumidor – “as drogarias são estabelecimentos de dispensação e comércio de drogas, medicamentos, insumos farmacêuticos e correlatos em suas embalagens originais”. Já as “farmácias, são estabelecimentos de manipulação de fórmulas magistrais e oficiais, de comércio de drogas, medicamentos, insumos farmacêuticos e correlatos, compreendendo o de dispensação e o atendimento privativo de unidade hospitalar”. Na prática, o que costumamos chamar de farmácia, são mesmo drogarias, pois não manipulam medicamentos, e vedem uma gama de produtos e estão mais próximas aos serviços prestados por uma loja de conveniência. Perfumaria, material de higiene, barbeadores, fraldas. As encontramos em quase todas as esquinas da cidade e estão sempre lotadas. Estive numa dessas esses dias. Apesar das restrições, parecia uma feira. As pessoas já se conheciam, já eram habitués da loja. Cada qual conhecia as prateleiras de ponta a ponta e, munidas de seus cestos – como nos supermercados – se serviam de shampoos, cremes, desodorantes, vitaminas, analgésicos. Eu via seus olhos brilhando.

Dizem que mais que drogarias, só mesmo lojas de colchão. Somos 425 mil residentes na cidade. Sabendo que os colchões têm 5 anos de garantia, teremos uma potencial venda de 17.000 colchões por ano ou 1417 colchões por mês. Mesmo que uma boa parte de nossa população não tenha acesso à compra de colchões novos, “os bonecos birutas” teimam em tremular à porta das lojas por todos os bairros. 

São tempos de restrições sociais e econômicas. Cabe ao Estado garantir acesso à medicação básica para toda a sociedade. Mas, para uns tantos, os passeios preferidos continuam sendo ir às compras, mesmo que seja de analgésicos, vitaminas e colchões. Prefiro andar de bicicleta na praia, faz bem para a mente e para o corpo. O sol transforma o colesterol na pele em vitamina D e eu ainda faço economia.