Significados do Judaísmo

Zaka e Seus Heróis Anônimos em Israel

23/06/2021
Zaka e Seus Heróis Anônimos em Israel | Jornal da Orla

A força da natureza pode ser esplendorosa, mas, muitas vezes, pode assolar a humanidade através de furacões, tempestades, terremotos e tsunamis.

 

Nesta era da comunicação, o mundo todo assiste e sofre com os desastres naturais ou mesmo os criados pelos homens.

 

A imprensa mundial, sempre que tem acesso a esses lugares, tende a mostrar imagens da tragédias, buscando o apelo emocional.

 

No entanto, muitas vezes, esquecem de apresentar as pessoas ou organizações que lá estão para salvar as pessoas afetadas por esses desastres.

 

Uma destas organizações é a israelense Zaka.

 

Fundada em 1995, a ZAKA é a organização não governamental de resgate e recuperação em Israel, com mais de 3.000 voluntários implantados em todo o país, à disposição 24 horas por dia, 7 dias por semana, para responder a qualquer ataque terrorista, desastre ou acidente, de forma imediata e profissional, com o equipamento necessário.

 
É uma organização civil voluntária dedicada a lidar com incidentes de morte não natural. Zaka trabalha em estreita cooperação com todos os serviços de emergência e forças de segurança.

 
As sementes da organização ZAKA foram plantadas em 1989, quando os então estudantes de uma yeshiva correram para ajudar na cena do ataque terrorista no ônibus 405, no qual 17 pessoas morreram e muitos ficaram feridos.

 
Nos seis anos seguintes, um destes alunos chefiou um grupo de voluntários que excedeu o horror dos ataques terroristas, recuperando restos mortais e garantindo um sepultamento adequado de acordo com a lei judaica.

 
Honrar os mortos é considerado um ato de Chesed Shel Emet (verdadeira virtude). No judaísmo, esta é considerada a maior mitzvá que pode ser realizada, porque o recipiente não tem como retribuir a gentileza.

 
ZAKA (sigla em hebraico para Identificação de Vítimas de Desastres) tornou-se uma organização voluntária oficial em 1995 e cresceu organicamente nas últimas décadas, encontrando as melhores soluções para as necessidades operacionais conforme o escopo do trabalho voluntário aumenta.

 
Também, em Israel, esses voluntários trabalham em coordenação com as agências do governo israelense em qualquer morte não natural, incluindo acidentes de veículos, bombardeios terroristas, assassinato ou suicídio. 

 
Treinados como paramédicos e em primeiros socorros, os voluntários, que estão de plantão 24 horas nos sete dias da semana, tentam reanimar as vítimas e, caso não tenham sucesso, atendem respeitosamente aos mortos.

 
ZAKA também tem duas unidades compostas por voluntários beduínos, muçulmanos e drusos para servir as comunidades não judias de Israel, principalmente beduínos no Negev e drusos na Galileia. 

 
De acordo com a lei religiosa judaica e muçulmana, é importante tratar os mortos com respeito, seja cobrindo os corpos para que outras pessoas não os vejam ou recolhendo até a última parte do corpo para o sepultamento, incluindo sangue.

 
Desde então, a ZAKA cresceu e se tornou uma organização humanitária de renome mundial, fornecendo busca e resgate, prevenção de autópsia quando possível, resposta médica e serviços mortuários. 
 

Em 2003, um membro do Parlamento britânico recomendou que ZAKA fosse nomeado para o Prêmio Nobel da Paz. Em 2005, as Nações Unidas reconheceram a ZAKA International Rescue Unit como uma organização internacional de voluntários humanitários (ONG). 

 
Como resultado de seu reconhecimento pela ONU, a ZAKA foi solicitada a ajudar em desastres naturais, acidentes de avião e ataques terroristas pelo mundo afora.

Com isso, a bandeira azul e branco com a Estrela de David é uma presença constante e, muitas vezes, uma das primeiras a ser vista em meio às centenas de pessoas que se entregam a tais missões.

Assim foi no final de 2004, quando a Ásia foi atingida por uma série de tsunamis. Enquanto o mundo ainda assistia estarrecido às primeiras imagens do horror em que o número de vítimas era totalmente indefinido.

 

Em meio a escombros e corpos mutilados, os membros da organização de voluntários da Zaka recolhiam elementos que pudessem ajudar a identificar as vítimas da tragédia.

 

A experiência dos membros da ZAKA ajudou a equipe forense israelense a identificar os corpos mais rápido do que muitas das outras equipes forenses que operaram na Tailândia após o desastre.

O mesmo esforço humanitário se repetiu em 2005. Novamente a natureza mostrou sua força, desta vez no estado americano da Lousiana. O furacão Katrina atingiu agosto a cidade de Nova Orleans, deixando-a quase totalmente submersa sob as ondas gigantescas, e mais de um milhão de pessoas foram evacuadas.

 

Em Israel, ZAKA tornou-se parte do consenso, regularmente classificada como a organização mais estimada e respeitada depois do IDF. ZAKA oferece uma estrutura para milhares de voluntários ultra ortodoxos (haredi) contribuírem com a sociedade de uma forma significativa, prestando um serviço essencial dentro da estrutura mais profissional e disciplinada.

 
Zaka possui várias unidades especializadas que incluem um Unidade Mortuária cuja missão é responder e auxiliar as autoridades locais na recuperação, identificação, transporte e sepultamento do falecido. Esta divisão possui uma unidade de necrotério móvel, com o foco em tratar o falecido com o maior respeito e dignidade.

 
A Unidade canina especializada é composta por 51 cães de busca e salvamento. A organização também abriga uma equipe de mergulho, equipe de busca e resgate, uma equipe médica, a equipe de resposta a materiais perigosos, a de prevenção de autópsia (segundo a lei judaica) e uma equipe de pessoas desaparecidas.

 
A fim de reduzir o tempo de resposta a incidentes internacionais de vítimas em massa, a ZAKA treina equipes de resposta a emergências em comunidades locais em todo o mundo, como nos Estados Unidos, Inglaterra, Paris, Hong Kong, Cingapura, México, Argentina, Rússia, Ucrânia, Bielo-Rússia, Sibéria e Geórgia. 

 
Os voluntários participam de um programa de treinamento básico que inclui certificação. Essas equipes locais fornecem uma solução para suas próprias comunidades, bem como oferecem assistência local aos voluntários da Unidade de Resgate Internacional ZAKA sediada em Israel em grandes incidentes internacionais em massa.
 

A devoção dos membros da ZAKA e a maneira profissional com que lidam com cenas difíceis e trágicas, como o tratamento dos corpos das vítimas mortas em atentados suicidas, geraram forte respeito e admiração por parte da população israelense.