Exercendo o mandato há mais de dois anos, a deputada federal Rosana Valle ainda não entendeu que é dever de uma parlamentar dar satisfação aos eleitores. E que a função de um jornalista é perguntar.
Nem sempre as perguntas são de interesse do entrevistado. Mas devem ser respondidas da mesma forma. É assim que funciona num regime democrático.
Eleita pelo Partido Socialista Brasileiro (PSB), legenda que integra o bloco de oposição ao atual governo – de extrema direita -, Rosana tem atuado de uma forma que agrada ao Palácio do Planalto e adotado uma postura que vai de encontro ao que prega o seu partido.
Até aí, tudo bem. Esse é um problema que deve ser resolvido entre o PSB e a parlamentar.
Mas a deputada fica mal na foto quando segue o exemplo do presidente e ataca um colega jornalista simplesmente porque não gostou da pergunta que lhe foi feita.
Aos fatos:
Rosana Valle ficou irritada quando o repórter Sandro Tadeu, do jornal A Tribuna, perguntou-lhe, por que motivo ela não se pronunciou quando o presidente Bolsonaro mandou uma jornalista de uma afiliada da TV Globo “calar a boca” e, também, sobre outros episódios polêmicos em que o chefe da Nação insultou jornalistas.
Tadeu indagou, ainda, se a deputada concordava com esse tipo de grosseria praticado pelo presidente.
A resposta foi surpreendente partindo de quem foi jornalista por 25 anos.
A deputada resolveu atacar o colega de profissão ao invés de responder de forma objetiva.
“O Sandro Tadeu é sindicalista. Ele é de esquerda (??? – o partido pelo qual ela foi eleita é de esquerda também!) e vive querendo que eu bata de frente com o presidente. Eu não vou falar mal do presidente. Eu não fui eleita para isso. Eu fui eleita para trabalhar para o povo da Baixada Santista. Eu não sou de fofoca”.
A deputada ainda acusou o colega de persegui-la e de ter tentado fazer uma “pegadinha”.
Em tempos de pandemia, existem várias formas de se tirar uma máscara. Bolsonaro faz o gesto de maneira explícita e chega a retirar o equipamento de proteção até de crianças, como se viu durante a semana.
Rosa Valle prefere a forma mais sutil. Por exemplo, ao rotular um jornalista de “esquerdista”, tendo sido ela própria eleita por um partido de esquerda.
A política definitivamente revela.