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A espetacular ação judaica na prisão de Akko

08/07/2021
A espetacular ação judaica na prisão de Akko | Jornal da Orla

Na grande luta que o povo judeu empreendeu em busca de sua Independência no século XX, a cidade de Akko e sua prisão desempenharam um papel importante no processo.

 

A cidade se situa em um porto natural na extremidade da Baía de Haifa, na costa do Mar Levantino do Mediterrâneo.

 
Uma grande cidade foi lá estabelecida já durante a Idade do Bronze Médio. Ininterruptamente habitada desde então, está entre os mais antigos assentamentos continuamente habitados na Terra.

 
No entanto, Akko foi sujeita a conquistas e destruições várias vezes e sobreviveu sendo pouco mais do que uma grande aldeia durante séculos.  A cidade mudou de mãos muitas vezes e se tornou uma das maravilhas arqueológicas dos túneis dos Cavaleiros Templários, banhos turcos, paredes antigas, mesquitas, sinagogas e edifícios da era das Cruzadas.

 
Akko foi conquistada pelos otomanos no início do século XVI. O governador da Galileia, Ahmed al-Jazzar, desenvolveu a cidade, construindo uma fortaleza e mercados e transformando-a na “principal porta de entrada” para Eretz Israel. 

 
Sob o mandato britânico, a fortaleza serviu como uma prisão e muitos combatentes foram presos em seu subterrâneo. A prisão de Akko era a fortaleza mais bem guardada do país; cercada por muros e circundado à leste e norte por um fosso profundo, e pelo o mar à oeste. 

 
Centenas de membros das organizações Haganah, Etzel e Lehi foram lá presos por causa de seus esforços para defender o Yishuv (o corpo de judeus residentes na Palestina, antes do estabelecimento do Estado de Israel), por sua guerra contra o mandato britânico e por sua luta pelo direito de estabelecer um lar nacional na Terra de Israel.

 
O primeiro prisioneiro durante o regime militar britânico foi Zeev Jabotinsky, comandante da defesa judaica de Jerusalém. Dezenove outros membros da defesa da cidade foram presos junto com ele durante os motins na Palestina de 1920.

 
Em 1939, 43 membros dos cursos de comandantes da Haganah realizados em Yavniel – incluindo Moshe Dayan e Moshe Carmel, dez membros de Haganah do Kibutz Ginosar, bem como 38 membros dos cursos de comandantes realizados em Mishmar Hayarden, foram presos na Cidadela de Akko.

 
No total, a prisão de Akko continha 400 prisioneiros árabes e 163 prisioneiros judeus, estes últimos haviam sido capturados pelos britânicos. Um desses prisioneiros era Eitan Livni (pai de Tzipi Livni, ex-ministra de Israel), o oficial de operações do Irgun.

 
Uma espetacular operação de fuga da prisão de Akko antes da Independência foi planejada e realizada por uma milícia sionista que libertou 250 presos da prisão britânica.

 
Em 19 de abril de 1947, quatro membros do Irgun, Dov Gruner, Yehiel Dresner, Mordechai Alkahi e Eliezer Kashani, que foram capturados pela 6ª Divisão Aerotransportada britânica, foram enforcados na Prisão de Akko e Acabaram se tornando os primeiros "mártires" do Irgun no pós-Segunda Guerra. 

 
Em seu julgamento, Dov Gruner declarou que o Exército e a Administração Britânicos eram "organizações criminosas".

 
Os prisioneiros do Lehí e Irgun começaram a planejar uma fuga, mas concluíram que seria impossível sem ajuda externa. Eles, portanto, contataram a sede do Irgun com um plano. Dov Cohen, também conhecido como "Shimshon", ex-membro do British Special Interrogation Group, foi selecionado para liderar a operação. De todo modo, a fuga seria restrita porque não havia esconderijos suficientes para todos.

 
O plano foi facilitado por Peres Etkes, um americano de origem judia russa, que trabalhou para as autoridades do mandato britânico como engenheiro e que construiu a prisão. 

 

Esse arquiteto sionista inglês entregou ao grupo paramilitar de Irgun todas as plantas da construção da prisão do Akko, possibilitando o lendário assalto de 1947, que é visto como um dos grandes eventos que enfraqueceram o Mandato Britânico e levaram à criação de Israel.

 
A operação na prisão do Akko foi bem planejada. Os combatentes invadiram os banhos turcos adjacentes e conseguiram abrir um buraco na parede, enquanto outros lançaram uma granada em outra parte da prisão como distração. Vários atacantes estavam disfarçados de militares britânicos.

 
No domingo, 4 de maio de 1947, os combatentes do Irgun chegaram a Akko em um comboio composto por um caminhão militar, duas vans militares pintadas com as cores da camuflagem britânica, duas vans civis e um jipe de comando na frente. 

 
Vinte lutadores estavam vestidos com uniformes da Royal Engineers e três como árabes. O comandante da operação, Dov Cohen, que estava no jipe de comando, estava vestido como um condecorado capitão dos Royal Engineers.

 
O caminhão parou no portão da prisão, enquanto as duas vans pararam em um mercado próximo. Às 14:00 uma unidade de engenharia militar do Irgun, sob o comando de Dov Salomon e Yehuda Afiryon, entrou em ação. 

 
Enquanto as unidades do Irgun se posicionavam, os prisioneiros colocavam o plano em prática lá dentro. Os presos que não estavam programados para escapar desceram para o pátio para criar uma distração, enquanto os fugitivos designados permaneceram em suas celas. 

 
Ao mesmo tempo, esquadrões de bloqueio de Irgun minaram estradas próximas para atrasar qualquer perseguidor britânico, e um grupo de desvio disfarçado de árabes se posicionou nas proximidades de um acampamento do Exército britânico com um morteiro.

 
No final da operação espetacular, 27 presos conseguiram escapar (20 do Irgun e sete de Lehí). Nove combatentes foram mortos em confrontos com o exército britânico; seis fugitivos e três membros da Força de Combate. Oito fugitivos, alguns deles feridos, foram capturados e devolvidos à prisão. Também foram presos cinco dos combatentes que não conseguiram voltar à base. 

 
Os prisioneiros árabes aproveitaram-se da comoção e 182 deles também escaparam.

 
O New York Herald Tribune escreveu que o Irgun havia realizado "uma missão ambiciosa, a mais desafiadora até agora, de maneira perfeita", enquanto na Câmara dos Comuns, Oliver Stanley perguntou que ação o governo de Sua Majestade estava planejando tomar "à luz dos eventos na prisão de Akko, que reduziram o prestígio britânico ao seu ponto mais baixo. "

 
A Agência Judaica chamou a ruptura de "um ato suicida irresponsável", enquanto o comandante do Irgun, Menachem Begin, considerou-a um ato de heroísmo.

 
O jornal The Guardian observou que a fuga da prisão foi vista "como um símbolo dramático do declínio da capacidade de Londres de manter o controle mandatório da Palestina, que terminou um ano depois".