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Eliyahu, um de nossos maiores porofetas

29/07/2021
Eliyahu, um de nossos maiores porofetas | Jornal da Orla

A cada Pessach, um copo especial de vinho é enchido e colocado na mesa do Seder. Durante o Seder, a porta da casa é aberta e todos se levantam para permitir que Eliyahu, o Profeta (Eliyahu ha-Navi), entre e beba. A cada brit-milá, uma cadeira também é reservada para Eliyahu. Na conclusão do Shabat, os judeus cantam sobre o profeta, esperando que ele venha "rapidamente, em nossos dias … junto com o Messias, filho de Davi, para nos redimir".

 

 
Eliyahu, o Tishbita, ousado e passional, é um dos profetas de personalidade mais forte, uma das figuras mais poéticas da história judaica.

 

Depois de Moisés, é o maior e o mais venerado entre nossos profetas. Eliyahu ha-Navi, como passou a ser chamado, é o profeta da Redenção final do povo judeu; é ele quem, um dia, irá chegar junto com o Messias.

 

Embora sua história abranja apenas alguns capítulos da Bíblia e não haja nenhum livro bíblico com seu nome, o legado de Eliyahu supera o de praticamente todos os seus colegas.
 

Segundo a tradição, Eliyahu ha-Navi está presente em cada circuncisão para testemunhar o cumprimento pelos filhos de Israel da Aliança Sagrada e anunciar a vinda do Messias.

 

A vida e os milagres de Eliyahu ha-Navi estão relatados no Livro dos Reis e no Midrash.

 

Homem de exuberante força física, cabelos longos e voz poderosa, enfrentava os reis dirigindo-se a eles com palavras duras que ordenavam e exigiam. Severo, não aceitava compromissos ou fraquezas, muito menos injustiças.

 

Está escrito na Torá. Eliyahu é o profeta da verdade e sua palavra era verdade. “A palavra de Deus está em sua boca”, sua palavra podia parar ou trazer a chuva.

 

Todas as suas profecias se cumpriram, inexoravelmente. Trouxe para a terra o fogo do céu. Ressuscitou um jovem. Dedicou sua vida ao Eterno lutando contra a idolatria e as injustiças cometidas por poderosos.

 

Sua principal missão era assegurar o futuro de Israel como nação monoteísta.

 

O nome hebraico de Eliyahu significa literalmente "meu Deus é Yahu", uma forma do nome bíblico de Deus, simbolizando talvez seu zelo por Deus e seus esforços para evitar que os israelitas se desviem do caminho de Deus. 
 

Ele veio de Tishbeh, uma cidade em Gilead, a leste do rio Jordão, na atual Jordânia, o que o torna uma espécie de estranho na corte do rei no norte de Israel, para onde foi enviado para entregar a mensagem de Deus.

 
O tempo de Eliyahu como profeta coincidiu com um período em que o povo israelita foi desviado, induzido a adorar a divindade estrangeira Baal, que eles acreditavam ser o causador da chuva. 

 
Um momento decisivo chega quando Eliyahu convoca o povo ao Monte Carmelo e desafia os profetas de Baal a oferecerem um sacrifício sem o uso do fogo. Os profetas clamam por Baal repetidamente, mas sem sucesso – seu sacrifício permanece sem ser consumido.

 
Em resposta, Eliyahu coloca um sacrifício sobre o altar e o rega com água. Ele clama a Deus e invoca um fogo dos céus que consome não apenas o sacrifício, mas também o altar de pedra e a terra circundante. Transformado no momento, o povo proclama que só Deus é o Deus verdadeiro – um momento de ápice para Eliyahu.

 
Mas acabou tendo vida curta. A fé do povo vacila e a esposa do rei, Jezabel, quer que Eliyahu seja morto. 

 
Temendo por sua vida, Eliyahu foge para o deserto, onde, em um momento que ecoa a revelação do Sinai, Deus envia um vento forte, um terremoto e, em seguida, um incêndio. Eliyahu não encontra Deus em nenhum desses fenômenos poderosos, mas na calma que se segue, quando ouve uma “voz mansa e delicada” – e dentro dela, ele encontra Deus. 

 
O profeta Eliyahu, que surge no Livro dos Reis, parece diferente daquele que o Midrash retrata. No primeiro, ele é o vingador zeloso; no segundo é terno, doce, compreensivo, amigo dos necessitados, dos aflitos, dos que correm perigo.

 
Amado pelo povo de Israel, tornou-se com o passar dos séculos, personagem de inúmeras lendas e contos sobre sua coragem e compaixão. 

 
Neles aparece milagrosamente, assumindo os mais incríveis disfarces para salvar alguém, para transmitir ensinamentos ou para ajudar quem precisa. 

 
Tornou-se para o povo de Israel o símbolo da Redenção futura.

 
Quando seu tempo na Terra chega ao fim, Eliyahu não morre; ao invés, a Torá relata que Deus o transporta aos céus em uma carruagem de fogo. 

 
Enquanto Deus honrou Moisés cuidando dele no momento de sua morte, é Eliyahu quem é convidado para o reino divino.
 

Embora o Livro dos Reis forneça pouca explicação sobre esta característica curiosa da história de Eliyahu, sua jornada aos céus capturou a imaginação de muitos dos primeiros intérpretes da Bíblia, que começaram a desenvolver visões da vida após a morte singular de Eliyahu. 

 
Já no período do Segundo Templo, seu papel como o arauto da redenção divina foi notado pelo profeta bíblico Malachi.

 
Eliyahu tornou-se parte não apenas do passado judeu, mas do presente judeu e de nossas esperanças para o futuro judeu. 

 
Encontros casuais com um estranho que levaram a uma reversão fortuita da fortuna foram transformados em contos de encontros pessoais com Eliyahu. 

 
Ao longo dos séculos, os judeus procuraram Eliyahu em momentos de dificuldade na esperança de redenção pessoal ou comunitária.

 
E assim, Eliyahu se tornou parte de nossa vida ritual.

 

 

 


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